A evolução do cinema
Já se passaram mais de 100 anos desde que George Meliès enviou seus homenzinhos diretamente para o olho da lua¹. O cinema é sem dúvida a forma de arte mais recente e de mesmo modo a que mais evoluiu em tão pouco tempo – se considerarmos que a história da música universal por exemplo, é milenar.
A evolução do cinema é constante principalmente em questões como efeitos visuais, sonoros e captação de imagens. As atuações também cresceram muito desde a era de ouro do cinema onde poucos astros apenas emprestavam seu charme e elegância as telas. É preciso muito mais doação emocional e, muitas vezes, física dos atores para tocar e encantar o grande público. Pensando em todas essas questões, indago a você leitor: o que consideramos cinema hoje?
Em tempos de plataformas digitais que disponibilizam uma infinidade de opções ao alcance do controle remoto, o espectador que é leigo ou conhece pouco sobre cinema se depara com duas cenas: na primeira possibilidade, assistir a grandes clássicos e filmes aclamadíssimos pela crítica facilmente; na segunda, não consumir nada muito complicado e aceitar facilmente comédias pastelão e gêneros afins.
O cinema, como na literatura e nas artes em geral, passou por vários períodos históricos de transição, porém não fomos educados a vê-lo como uma ciência ou mesmo “matéria”- como vivenciamos na escola – para ser estudado. A minha geração por exemplo, cresceu esperando pela “Sessão da Tarde” onde assistia infinitas repetições de “A Lagoa Azul” ou quando tínhamos muita sorte “De volta para o futuro”.
Poucos de nós depois da vida adulta fomos apresentados à Francis Ford Coppola² ou ainda Blake Edwards³. Mas é praticamente impossível passar despercebido à Steven Spielberg ou Quentin Tarantino. O que nos leva a pensar que nenhum de nós é completamente alheio a história ou mesmo a importância do cinêma.
As grandes produções tomaram um caminho completamente oposto ao das outras artes. Explico: a música erudita e as exposições de arte são quase que unanimemente apreciadas por um público mais seleto. Enquanto o cinema encontrou facil acesso não só nas grandes telas, mas na sua televisão de casa.
O desafio de hoje é levar ao espectador as obras que não são apenas sobre explosões ou super heróis – que sim, também são muito legais – mas obras que tragam um conteúdo mais denso e específico. Trago aqui como exemplo as obras de Krzysztof Kieślowski – diretor polonês de grandes filmes filosóficos como o aclamado A Liberdade é Azul. São filmes com conteúdos que intrigam o espectador, questionando a nossa existência e todo o sentimento humano. Meu desafio ao leitor é prestar tanto atenção no último filme dos Vingadores (que eu adoro) quanto na última narrativa de Roman Polanski – diretor de filmes magníficos em questões psicológicas como “Deus da Carnificina”. Para isso você vai encontrar nessa coluna quinzenal conteúdo onde irá conhecer mais e aprender a apreciar os diversos gêneros contemporâneos e também obviamente os clássicos. Além de se divertir nas rodas de convesas com os amigos mais cultos, garanto que você vai inclusive conhecer e apreciar melhor a si mesmo. Essa é a magia do cinema.
- George Mèlies dirigiu “Viagem a Lua”, que não foi a primeira exibição do cinema – essa foi dos irmão Lumiere – mas foi a primeira “exploração” de cinema como conhecemos hoje.
- Francis Ford Coppola é diretor norte-americano de filmes como a trilogia “O Poderoso Chefão”.
- Blake Edwards foi diretor norte-americano de filmes como “A pantera cor-de-rosa” e “Bonequinha de Luxo”.