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A literatura é uma ambição

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A nobreza do espírito humano, apenas um resquício da divina bondade, é capaz de conduzir os mais bravos à glória, bem como ao abismo àqueles cansados. Cabisbaixos, somente temos pés para vislumbrar. É a literatura então poderosa lente que permite ao olhar humano ampliar o seu alcance.

Aristóteles apresentou a poética como a síntese das possibilidades humanas. Aonde podemos buscar os exemplos da grandeza humana senão na literatura?

Quando o leitor penetra no mundo de Ulisses, do grande poeta Homero, encontra-se diante de um sem-número de provações humanas daqueles que almejam ao lar um dia retornar. Que não ousemos duvidar que o amor pode sim mover montanhas, portanto.

Como bem concebeu Dante: “Assim como os que têm a vista defeituosa, enxergamos melhor os sucessos distantes do que os aproxima. Para os fatos do presente falta-os lucidez, e os que chegam nos informam o pouco que nos é dado a saber”.

Aonde estão os nossos poetas, aqueles mestres capazes de explicitar aquilo que temos apenas no nosso íntimo? É uma infelicidade que a decadente literatura brasileira esteja repleta de solipsismo e niilismo, peregrinos numa realidade sem vida própria, incapazes de encontrar qualquer sentido ao ambiente em que se encontram.

A literatura é a tentativa de se criar a realidade por meio de um idioma. Por onde andam os amantes da língua portuguesa, os quais se perdem num pueril universo de brocados sem sentido?

O escritor é um sensível: o mundo imaginário reside na realidade a maior de todas as propriedades da literatura. São as letras portanto que ensinam aos seres humanos a capacidade de se comunicar com distintos seres, coligados pelos laços de compreensão e solidariedade. Um sábio professor referiu-se à literatura como uma virgem que precisa ser amada para que feminina seja…

Os espertalhões pegam os desavisados sorrateiramente, distorcem a linguagem, pervertendo suas mentes. Ninguém entende mais nada nas terras tupiniquins. Pegam um fato e, com o auxílio das letras, criam nova realidade, um mundo paralelo.

Nossa língua precisa com urgência de amantes

O Brasil se tornou um celeiro de almas errantes, muito embora ansiosas para que encontrem o próprio rumo. Alguns estão saindo do abismo, subindo os mais altos picos com muito esforço. Almejam como o mais perdido dos exploradores um resquício de luz para finalmente saírem da caverna úmida e escura. Queremos desesperadamente a verdade, por maior que seja a dor que isso venha a nos causar: seremos bravos e fortes!

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