As eleições municipais estão aí e já podemos dizer que nasceu o primeiro meme do pleito: circula pelas redes sociais um texto que começa com “Atenção candidatos! fica a dica: quer o meu voto?” seguido por um questionário sobre as habilidades intelectuais, conhecimento de leis, trabalho na Câmara e até mesmo capacidade financeira. Mas o que aconteceria se o alvo fosse o eleitor, e não o candidato?
Cerca de 120 mil pessoas vão votar para prefeito, vice e vereador em Passo Fundo, decidindo o destino de parte de nossas vidas e como o gestor vai gastar o nosso suado dinheiro dos impostos. Muita grana está envolvida; o orçamento da cidade nestes últimos anos girou em torno de meio bilhão de reais, ou seja, um mandato de prefeito vai passar o rodo em 2 bilhões, gastando grandes somas no dia a dia.
Votar para prefeito também é dar uma carte blanche para o político que vai escolher secretários, quase 200 cargos de confiança (pessoas que são chamadas para trabalhar na administração sem concurso), contratar empresas terceirizadas e conceder funções gratificadas para pessoas que já trabalham na prefeitura. E estes nomes raramente são acertados e exibidos para o eleitor durante a campanha. Se o seu voto for decidido baseado em um conjunto de valores pessoais que são sagrados para você e aparentemente para o candidato, poderá ser uma surpresa a escolha do nome que vai ajudar a cuidar da educação do município, por exemplo. Desnecessário dizer que muitos destes nomes são originados nos acertos feitos entre a majoritária (chapa que reúne prefeito e vice) e apoiadores dos partidos coligados. Mais partidos, mais nomes indicados.
A posição ideológica do secretário, aliada à falta de conhecimento das instâncias superiores e prerrogativas do cargo, pode levar o município a executar obras baseadas em paixões ou compromissos partidários alheios ao interesse de parte do eleitorado que votou no prefeito, como a insistência em obras que não facilitem o trânsito pois “andar de carro é ruim”, ou a contratação, no limite da lei, de terceirizados e não admitir novos concursados para áreas específicas, desinchando a máquina.
E então, quer votar? Atenção para algumas perguntas importantes:
Você participa de reuniões em associações de bairro e praças? Tem algum grupo que costuma discutir, ainda que virtualmente na internet, sobre os destinos da cidade, do estado e do país? Você vai em reuniões na escola do seu filho e tem algum conhecimento sobre as políticas da escola pública ou compromissos contratuais e fidelidade aos princípios nas escolas particulares?
Você já entrou no site da prefeitura, no menu da transparência, para fiscalizar gastos diversos do prefeito e quem são os credores destes respectivos gastos? Já leu sobre os contratos, ainda que por pura curiosidade?
Você tem ao menos noções básicas de correntes de pensamento e política? Direita e esquerda? Mais ou menos impostos? Liberdade econômica? Sabe se os próprios desejos são compatíveis entre si?
Você já botou os pés na Câmara de Vereadores? Assistiu sessões?
Se você “rodou” no teste, ainda é tempo de refletir, procurar informações e ficar em dia com a sua situação eleitoral (que vai além da simples posse do título).
Então, caro leitor do Vero, participe. Ler este texto já é um bom começo, meus parabéns. Acompanhe de perto esta campanha eleitoral e escolha com sabedoria. Não esqueça também de assumir os erros da sua escolha na urna, do prefeito, vice (isto é importante, está na moda abandonar escolhas de vices) e vereador. Pode parecer piegas, mas é verdade: a cidade precisa de você.
Foto do post: “Eleitor Coloca Fogo em Urna em MG”, Aqui.