Se há uma boa expressão para definir o que José Ivo Sartori vem fazendo no Rio Grande do Sul é “gerindo o caos”. O estado de penúria de áreas essenciais como segurança e saúde é ilustrativo. Ainda que seu governo tenha responsabilidade direta em alguns erros cometidos, como os cortes efetuados até mesmo no policiamento de patrulha, é inegável que o conjunto da obra, por ser consequência da deficiência financeira estrutural do Estado, passa longe de sua quota de culpa.
É o caso da dívida que vinha se acumulando com instituições de saúde. Desde 2016, havia um débito acumulado de 276 milhões em repasses para hospitais filantrópicos, públicos e santas casas. Em janeiro, já havia sido pago 76 milhões para 220 hospitais, com prioridade para aqueles realizavam procedimentos pelo SUS. Agora, o governo liquidou o restante, liberando 200 milhões para os outros 50 hospitais que detinham a maior parcela dos atrasos contabilizados.
Para obter os recursos, Sartori buscou apoio de uma linha de crédito obtida junto ao Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados Sem Fins Lucrativos. O empréstimo será pago pelo governo em 18 parcelas, que deverão ser quitadas até novembro de 2018. Com isso, a dívida será completamente liquidada até o final de seu mandato, livrando o próximo governante, seja ele quem for, de mais um fardo financeiro.
Quem definiu bem a operação do governo Sartori para saldar as dívidas foi o presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado, André Emílio Lagemann. Segundo ele: “A crise, que também nos atinge, exige malabarismos. Estamos fazendo os ajustes possíveis e olhamos para frente para construir alternativas conjuntamente”.
Em tempos nos quais os problemas estruturais do Estado saltam aos olhos pela evidente falta de caixa, sobra espaço para oportunismo político e proselitismo sindical. Ao contrário da polêmica sobre recálculo do duodécimo, que teve muita espuma corporativa e pouca argumentação técnica, a solução encontrada para os hospitais nasceu de um esforço conjunto entre poder público e instituições de saúde. Com a solução alcançada, espera-se que a área possa ter novo fôlego até que o projeto de reestruturação financeira do Rio Grande do Sul esteja concluído.