A jornalista Miriam Leitão, colunista da Rede Globo, é alvo frequente das hostes petistas nas redes sociais. Não é de hoje. Ao longo dos governos do partido, ela tem sido tratada como uma verdadeira inimiga. Basta passar pela antiga rede de blogs e sites financiados com dinheiro público nas administrações de Lula e de Dilma Rousseff para se ter uma ideia do nível dos adjetivos que lhe são direcionados.
Tudo isso porque, vejam os senhores, essa gente considera que Miriam não é suficientemente de esquerda em sua abordagem do cenário político e econômico. Assim como não consideram suficientemente de esquerda a própria Rede Globo e outros analistas que trabalham na casa. Muito pelo contrário, todos seriam agentes do “golpe” que resultou no impeachment de Dilma em 2016.
Em sua coluna no jornal O Globo, Miriam relatou um episódio ocorrido com ela dentro de um voo da Avianca, onde militantes do PT a agrediram verbalmente durante todo o trajeto da aeronave em que estavam. Seguem trechos de sua coluna, que pode ser lida na íntegra clicando aqui:
“Fui uma das primeiras a entrar no avião e me sentei na 15C. Logo depois eles entraram e começaram as hostilidades antes mesmo de sentarem. Por coincidência, estavam todos, talvez uns 20, em cadeiras próximas de mim. Alguns à minha frente, outros do lado, outros atrás. Alguns mais silenciosos me dirigiram olhares de ódio ou risos debochados, outros lançavam ofensas.
(…)
Os gritos, slogans, cantorias continuavam, diante de uma tripulação inerte, que nada fazia para restabelecer a ordem a bordo em respeito aos passageiros. Os petistas pareciam estar numa manifestação.
(…)
Durante o voo foram muitas as ofensas, e, nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular esperando a reação que eu não tive. Houve um gesto de tão baixo nível que prefiro nem relatar aqui. Calculavam que eu perderia o autocontrole. Não filmei porque isso seria visto como provocação. Permaneci em silêncio.”
Essa política de intimidação a jornalistas não é novidade entre os militantes e simpatizantes do partido. Na chamada “Greve Geral”, que não teve nada de “greve” e nem de “geral”, sindicalistas de esquerda perseguiram e agrediram o comentarista da Rádio Jovem Pan, Marcelo Madureira:
https://www.youtube.com/watch?v=NZU-NRdX6C0
Eis ai um entre inúmeros episódios que podem ser relatados para mostrar que Miriam não é alvo isolado. Querem mais? Basta ver o que ocorre com Arthur do Val, responsável pelo canal de vídeos “Mamãe Falei”. São seguidos os tapas, empurrões, ofensas de que é alvo em manifestações de esquerda.
Não custa lembrar também que o PT é o partido cujo vice-presidente, em 2014, elaborou uma “lista negra” de jornalistas a serem desmoralizados. Na época, a ONG Repórteres Sem Fronteiras se manifestou publicamente, afirmando que tal iniciativa configurava “propaganda de Estado”.
Depois que ascendeu ao poder, o PT passou a ter uma nova relação com a mídia. Se antigamente a utilizava como combustível para desgastar os governos a que se opunha de forma predatória, passou a ver nela um empecilho para suas práticas. O que há desde então é uma clara política interna de rejeição ao jornalismo livre. Ora na forma de gritos e ofensas, ora na forma de “listas negras”. Em seu texto, Miriam separa o PT dos petistas que a importunaram de forma agressiva. Os fatos refutam a tentativa de idealização da legenda. “Não acho que o PT é isso”, escreve ela. O PT é isso sim, Miriam.