Uma das grandes frustrações dos militantes de esquerda durante os governos petistas é que nem Lula e Dilma avançaram na agenda do controle da mídia. Sempre tiveram o desejo de reproduzir no Brasil o mesmo clima persecutório implementado nos regimes bolivarianos da Venezuela e da Argentina. A diferença de contexto entre os países impossibilitou uma ação mais agressiva, de modo que foi necessário operar por outros meios.
Se Hugo Chávez cassava concessões de rádio e televisão, e o casal Nestor e Cristina Kirchner criavam legislações autoritárias para desmembrar órgãos de comunicação, o PT se viu forçado a montar uma rede própria de informação, que abarcava blogs tocados por jornalistas decadentes, publicações periféricas e até mesmo um canal estatal. Todos eles financiados com dinheiro público.
De todos esses veículos, o mais importante era a revista Carta Capital. Comandada por Mino Carta, que tinha tradição no mainstream por ter criado outros periódicos como a Veja e a Isto É, ela servia para oferecer algum grau de seriedade jornalística ao que no geral não passava de pura propaganda governamental.
Criada em 1994, a Carta Capital nunca teve importância e nem penetração a ponto de competir seriamente com outros concorrentes. A tiragem do semanário sempre ficou na média de 50 mil cópias, número inferior ao de jornais diários como o Estadão e a Folha de São Paulo. Assim, ela adotou o esquerdismo para buscar um nicho de consumo. Por sua vez, o PT, assim que chegou no poder, a anabolizou financeiramente com publicidade de estatais.
É por isso que não surpreende a postagem da blogueira Maria Frô. Em seu Facebook, ela publicou um apelo em favor da revista, alertando que a falta de verbas públicas e de anúncios levaria ao seu fechamento:
“Pessoal, a Carta Capital está prestes a fechar. Por suas posições não recebe anúncios nem das empresas e nem governamentais. Está fechando. Apesar de fazer um jornalismo sério e ser o único semanário a dar a outra versão dos fatos. Só uma campanha massiva de assinaturas pode salvar a imprensa livre. Quem não assina, faça uma assinatura, quem assina, presenteie um amigo que não tem condições de fazê-lo.”
Ninguém de dentro da revista confirmou ou negou a informação, mas a possibilidade de encerramento de atividades da Carta Capital se dar exatamente com o fim do governo petista que ofertava verbas não deixa de ser curioso. Fica um tanto evidente que havia uma linha editorial sendo sustentada com dinheiro dos contribuintes.
Quando uma publicação não tem leitores, os anunciantes não se sentem atraídos a investir em publicidade. O capitalismo pode ser cruel. Para evitar seus efeitos naturais, há quem troque o mercado consumidor real pelas facilidades do poder. Para que assinantes se é possível se escorar na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil e na Petrobras? Mino Carta optou fazer de sua revista o Pravda do Lulopetismo. Ele só não imaginou que o Muro de Berlim do PT viria a ruir antes do esperado.
Nota Complementar: Nos regimes comunistas, sempre há um órgão oficial de comunicação. Em Cuba, o jornal Granma. Na União Soviética, o jornal Pravda.