Políticos já falam em “construção de espaço” para senegaleses venderem mercadorias em Passo Fundo. Imigrantes à margem das leis, protegidos por legisladores?
A população passo-fundense ganhou um reforço nos últimos tempos, após centenas de cidadãos da África e da América Central e Caribe escolherem a capital do Planalto Médio como porto seguro para o início de uma nova vida.
A escolha por Passo Fundo nem foi tão direta. Esta onda migratória mirava a Argentina em 2007, acabou trocando o destino para o sul do Brasil após a situação econômica por lá não se mostrar das melhores. Convivemos, principalmente com senegaleses, desde o ano de 2011.
O roteiro é conhecido: os imigrantes chegam já passando dificuldades, acolhidos por entidades assistenciais religiosas, albergues municipais e nas ruas, vivendo como se fossem mendigos. Após a regularização com os órgãos federais, conseguem empregos como operários na agricultura, construção civil ou em outros setores, de acordo com a qualificação anterior ou a facilidade de adaptação ao idioma e cultura do local. E então veio a crise brasileira.
A situação econômica brasileira desempregou milhões de pessoas e derrubou o faturamento de quase todos os setores da economia. A escolha inicial de alguns imigrantes – vender bugigangas nas ruas centrais da cidade – passou a ser a principal atividade de um grande número de senegaleses, que esparramam correntes, acessórios para celular, meias e relógios pelas calçadas da Avenida Brasil. Outros aprenderam direitinho o ofício (particularmente nosso) do comércio ilegal de vales-transporte e começaram a sacudir saquinhos cheios de fichas nas proximidades das maiores paradas de ônibus.
A fiscalização da Prefeitura de Passo Fundo, amparada pelas forças de segurança, já entrou em conflito com alguns imigrantes vendedores, recolhendo produtos e trocando alguma violência física, gravada em vídeo (já em plena confusão, sem mostrar o início) e compartilhada aos quatro cantos das redes sociais, gerando debates calorosos entre poucos defensores da legalidade e muitos relativistas, “coitadistas” e tradicionais sinalizadores de virtudes.
Defensores dos direitos humanos e certos políticos da esquerda local e sempre atentos foram aliados de primeira hora dos imigrantes, destacando o sofrimento destas pessoas e largando declarações na imprensa, criando espantalhos e deixas para a colagem de discursos sobre racismo, xenofobia e abuso de autoridade. Não raro, comparações com imigrações do passado entram nas narrativas. Os imigrantes, que já possuem até mesmo associação, dizem (pasmem) que “não querem a ajuda de ninguém, querem apenas trabalhar”.
Sensíveis aos fatos dos últimos meses, vereadores de Passo Fundo estão traçando estratégias para a resolução destes problemas migratórios. Destas reuniões, floresceu a ideia da construção de um “espaço para os senegaleses trabalharem”, algo aos moldes do camelódromo. Esta é mais uma realização fruto da facilidade da execução de projetos quando o dinheiro é do próximo, mais especificamente do pagador de impostos. Legisladores querendo indicar a construção de um espaço para a venda de possível contrabando, sem nota fiscal, para acalmar um grupo muito específico de pessoas, representando o discurso e o desejo muito abrangente, que atravessa fronteiras (sem trocadilho) de grupos globalistas. Não podemos esquecer que o Brasil é signatário de um tratado da ONU, gestado no final da Segunda Guerra Mundial, sobre refugiados. E que a política do PT após a Era Lula incluiu uma posição megalômana sobre a condição do Brasil no cenário mundial, metendo o bedelho em diversos assuntos de outros países, como se algo importasse. A política coração de mãe para refugiados, recentemente reforçada por novas leis, desta vez pela mão do PSDB, tenta dar direitos de pai para filho ao imigrante, enquanto renega milhões de brasileiros que sofrem dentro das nossas fronteiras.
Estamos muito perto de uma “Little Senegal” em Passo Fundo. Diferente da versão americana, estendida ao longo de uma rua do Harlem por ordem do acaso e da liberdade com responsabilidade colocada de forma tácita aos imigrantes, nossa versão é estatal, com subsídios e pedidos de desculpas, sem nada ter acontecido.
O anão diplomático também veste bombacha e lagarteia na Gare. Fiquem ligados.