Alguns políticos pensam que a simples impressão e distribuição de dinheiro resolveria todos os problemas do país, mas uma máquina muito mais perigosa existe e trabalhará em capacidade máxima, até acabar o dinheiro dos outros.
Alguém poderá dizer que o Brasil tem um povo conservador, mas governado por políticos de esquerda, com agendas que vão contra tudo o que os eleitores cultivam como verdade. E mesmo com o bate-estaca prafentex de lixos da TV como Encontro com Fátima Bernardes nas manhãs e o novíssimo Conversa com Bial ao final do dia, seguimos fiéis aos nossos propósitos. Mas a coisa não é bem assim e, neste ritmo, nosso fracasso como nação é uma questão de tempo.
Um novo brasileiro emergiu desde o Plano Real. O cidadão que ficou de uma hora para outra feliz por comprar em abundância frango e iogurte sem conferir tabelas de preço, foi esquecendo do sofrimento passado e deu lugar para uma nova geração querendo tudo de graça ou em 60 vezes. E olha que o grupo Mamonas Assassinas tentou alertar a nação em sua canção Chopis Centis, de 1995, sobre a felicidade ser um crediário nas Casas Bahia. Vale lembrar que o sentimento ainda era fruto de uma honrosa jornada de trabalho na construção civil:
Quando eu estou no trabalho Não vejo a hora de descer dos andaime Pra pegar um cinema do Schwarzenegger Tombém o Van Daime
Quanta gente Quanta alegria A minha felicidade É um crediário Nas Casas Bahia
Esta crítica não é nova e o debate ficou muito centrado no Bolsa Família durante os governos Lula e Dilma, com seu uso como sistema garantidor de votos para a mão que alimenta os “esquecidos” pela elite. Boatos sobre o fim do benefício provocaram corridas aos caixas eletrônicos e renderam muitas reportagens para a TV, sendo um destes tumultos o gerador do famoso meme “O Bolsa Família não compra uma calça de R$ 300,00”, em 2013. Mas o buraco é mais “acima”.
A assistência social, com óbvias diferenças no volume de dinheiro gasto ao longo dos anos, não é novidade no Brasil e nunca foi exclusividade dos últimos governos federais. Os mais velhos vão lembrar do ticket do leite (o marronzinho), da Central de Medicamentos (CEME) e de tantos outros aparatos estatais de apoio aos necessitados. Acontece que hoje em dia mais e mais pessoas acreditam piamente em um governo que deve dar bens e serviços, “lembrar do povo” e repartir o quinhão de um suposto patrimônio que seria negado ao grosso da população. Mitos de uma riqueza oculta e infinita oculta aos brasileiros e o relativismo moral daqueles que querem dar ou receber serviços estatais pois alguém está roubando muito em Brasília, complementam o quadro.
Lula, guerreiro do povo brasileiro.
Aqui entra em ação uma máquina composta por políticos com ações populistas, sempre com apelo socialista, agindo com segundas intenções ou puramente por pensar que as coisas funcionam assim, não tem como mudar e a eleição (ou reeleição) só é possível através destas práticas. Reforçando, não se imputa aqui a malícia da intenção em todos os casos, mas a ingenuidade.
Originais ou frutos de pura cópia, projetos de lei e recomendações ao executivo abundam na Câmara de Vereadores de Passo Fundo. De dentistas disponíveis em escolas até gratuidade em ônibus para pacientes que fazem uso de quimioterapia para o câncer, textos estão em tramitação na casa (elaborados por Palhaço Uhu e Tchêquinho, respectivamente, ambos do Partido Socialista Brasileiro). Sempre com grande apoio da população a cada divulgação na imprensa local. E o que dizer da paixão por uniformes, kits para gestantes, prêmios em dinheiro para artistas e tantos outros perks patrocinados pelo executivo? A lista é enorme.
A verdade é que o aparato municipal tem recursos finitos para necessidades da população que beiram o infinito, muitas delas provocadas por uma alta taxa de impostos que oneram, prejudicam e inviabilizam iniciativas de todos os portes. E municípios com desenvolvimento acima da média brasileira, por razões históricas e não por heroísmos em gestões, pagam o pato ao verem seus impostos financiando populismos em outros municípios brasileiros. E vários gastos são controlados por leis, como os da saúde, obrigatoriamente até 15% da arrecadação (coisa que não se vê por aí nos embasamentos dos debates via redes sociais).
O maior programa social das prefeituras – e a nossa não fica atrás – chama-se folha de pagamento. Milhões gastos em salários para oferecer serviços para a população, garantindo o sustento de muitas famílias. E economias que dependem muito do dinheiro oriundo do funcionalismo público não possuem muita folga para crescimento, pecam no dinamismo e perpetuam este ciclo.
Quadro de funcionários da Prefeitura de Passo Fundo: mais de 300 milhões de reais no orçamento de 2017 respondem por “Pessoal e Encargos Sociais”.
Outra questão que pavimenta o nosso caminho até o fracasso: políticos que ganham eleições por prometer tudo sem dizer de onde tirar (e não usam com sabedoria os recursos, quando eleitos) são os preferidos de uma grande parcela do eleitorado. Experimente concorrer e subir no palanque dizendo que a primeira ação, se eleito, será a venda da CODEPAS ou um corte substancial em todos os serviços não obrigatórios e experimente o ostracismo eterno ou até mesmo ameaças mais substanciais. Assim é o sistema.
A visão de uma cidade devastada e comunidades destruídas por violência, drogas em cada esquina e uma terra arrasada ao estilo da americana Detroit (governada por esquerdistas americanos) pode ser inconcebível para o brasileiro médio. Mas a servidão imposta por altos impostos e gestão pública incompetente, em todas as esferas, é uma doença lenta, quase silenciosa, que fornece benesses falsas ao custo de coisas que você nem imaginaria ter acesso. Um curso extra, aquela viagem, um gasto a mais no supermercado ou até mesmo chegar mais cedo em casa, com um gasto inferior de combustível, são coisas perdidas por você e seus familiares, por conta de sucessivas gestões duvidosas, mantenedoras (de caso pensado ou de forma ingênua) do Estado gigante e ineficiente.