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Para ignorar os políticos: uma reflexão

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A preocupação com a situação política do país virou conversa batida até nas esquinas de cachaça. O brasileiro está muito preocupado com os rumos éticos do Brasil. Falamos mal de todos, ninguém escapa. Sabe quando uma notícia ruim é vazada e acaba gerando um efeito positivo sobre o marketing do produto? Será que não estamos sobrevalorizando o cargo da classe política, gerando o mesmo efeito contrário?

No livro “Cem anos de solidão”, do Gabriel Garcia Márquez, a cidade Marcondo foi levantada com a mão de meia dúzia de famílias, e lá estabeleceram que as famílias é que cuidariam dos assuntos locais (se alguém pesquisar a história das colônias alemãs e italianas, o caminho foi o mesmo). Houve uma tentativa de o governo nacional enviar polícia para a cidade, projeto barrado pelos próprios habitantes: “aqui, nós que damos as ordens!”. A tentativa, é claro, acabou sendo frustrada.

Se analisarmos como as cidades foram fundadas, não passavam de um grupo de famílias que meteram suas quinquilharias no lombo do burro e saíram desbravando o país. Começaram a plantar e levantar o comércio e os serviços locais de acordo com as necessidades.

(Colonização alemã no Brasil: São Paulo/Vale do Ribeira. Família de colonos alemães, trabalhando no campo)

Será que as leis locais realmente afetam a organização política da cidade?

Será que as medidas de segurança protegem o comércio local?

As mulheres que sofrem abuso são amparadas?

Os bandidos de fato são punidos como deveriam ser?

O cumprimento da lei é para todos?

Conhecemos realmente esse universo de normas diariamente modificadas no Brasil?

Alguém se importa com o prefeito da cidade?

Alguém dá a mínima para os vereadores?

As lideranças políticas são realmente exercidas pelos políticos?

O que o jornalismo local realmente investigou sobre todas as acusações?

Eu tenho muitas outras perguntas para fazer, mas vou tentar entender a situação com um exemplo mais prático.        No Brasil, em média crescente, há mais de 50 mil assassinatos por ano em média. Não foram poucos os sociólogos e demais estudiosos que fizeram fama ao longo dos anos afirmando que o maior problema da criminalidade era a falta de oportunidade, que o Brasil é um país com muito preconceito, et cetera e tal.

Recentemente, um ex-professor da minha faculdade de Direito retornou de Bruxelas com um estudo sobre o problema da criminalidade. Adivinha só qual foi o maior argumento por ele utilizado? Sim, o da desigualdade econômica e social! Uns tipos como o Lula foram eleitos com essa mesma bandeira, com esse mesmo discurso de fachada. Acompanhei o raciocínio do docente e perguntei:

– Professor, o senhor é petista, fala em golpe, em ataque à democracia, etc. Não foi o Lula e o PT que diminuíram as desigualdades do país?

– Sim – ele respondeu.

– Então como é que os índices de criminalidade não diminuíram?!?

É claro que ele me acusou de elitista, de burguês e muitas outras coisas. Só se esqueceu que ele ganha cerca de dez vezes mais do que eu. Como entender tipos como esses? Os cabotinos acadêmicos não só perderam o rumo de suas pesquisas, como também o juízo.

Seguidamente converso com especialistas em segurança. Muitas pessoas estão procurando academias de artes marciais alegando que a situação da violência ultrapassou todos os limites do bom senso. Sentem-se inseguros e saem de suas casas sem saber se irão retornar em segurança. Infelizmente essa é a situação do Brasil: temos mais mortes do que qualquer país em guerra civil, só que o lado íntegro da população foi desarmada e não pode se defender. Pois bem…

Pergunto então para esses inquietos cidadãos que querem treinar artes marciais:

– Você acha que a segurança pública está um verdadeiro caos?

– Sim, está insuportável.

– Aonde você mora?

– No bairro tal… [nenhum ainda que procurou a academia mora num bairro realmente violento, diga-se de passagem]

– Muito bem. Já foi assaltado? [no Brasil quase todo mundo já foi assaltado pelo menos uma vez]

– Sim, uma vez.

– Já conhece pessoas que foram assaltadas? [sim, diria que 99% das pessoas conhecem]

– Sim, sim. Conheço.

– Seu bairro é violento?

– Bem, acredito que sim.

– Já viu alguém sendo morto na sua frente?

– Não.

– Você está sendo coagido por alguém quando anda na rua?

– Não.

– Então você está paranoico…

Bem, o que eu quero dizer com isso é que muitas pessoas que procuram se proteger são aqueles que acompanham o noticiário em geral. É impossível acompanhar o jornal local sem se sentir ameaçado só de pisar na calçada de casa. Os jornais noticiam desgraças porque isso chama a atenção de todos, então eles exploram isso da maneira como podem. Não são poucos aqueles que mal conseguem sair de casa não porque sofreram violência real, mas que estão mentalmente presos com as notícias em geral.

Então se algo não o afeta diretamente, nem é por isso que você se vê livre da situação. Mas quem fica preocupado com a segurança poderá ficar focado na “questão propriamente pública” e achar que precisa cobrar dos seus políticos. Então os políticos, com discurso pronto, vão afirmar que o problema são as leis, a falta de investimento, a falta de oportunidade, e todas aquelas outras respostas prontas que você encontra nas provas do ENEM.

Agora, pense comigo: e se um grupo de vizinhos fizesse um alarme que, quando disparado numa das casas, aciona os demais? Em outras palavras: dez famílias unificam o mesmo sistema de alarmes que, quando disparado na primeira casa, as nove outras saberão do problema. Então todos os vizinhos saem de suas casas e vão resolver o problema de fato.

Imagine-se tendo que esperar a polícia (que não há dúvidas que faz um ótimo trabalho). Já foi fazer um boletim de ocorrência? É umas das coisas mais frustrantes que você pode se deparar: o marginal é dispensado antes da vítima. Burocracia, sabe como é…

Ainda por cima, divulgam-se dados que, a cada dez denúncias, somente uma acaba realmente sendo investigada. Afirmo novamente: não é problema da polícia, é o Estado que faz você pensar que irá socorrê-lo quando precisar.

Sabemos que há “direitos humanos” para marginais, mas não para os “humanos direitos”. Você já viu algum agente de secretaria de direitos humanos visitar uma vítima, ou a família da vítima, para saber se estão precisando de alguma coisa? É claro que não. Essa turma dos direitos humanos são mães amamentando: quando os filhos choram, tiram as tetas para fora e dão de mamar para os seus “anjinhos”. Quer aprender direito penal? Vá até o presídio da sua cidade: os que estão de trás das grades são os maiores especialistas no assunto.

Já conversamos no nosso programa semanal sobre isso com o repórter policial Lucas Cidade. Um resumo pode ser encontrado neste link: https://www.youtube.com/watch?v=ju-hANeLnTA&t=16s. Já a entrevista completa nestes outros: https://www.youtube.com/watch?v=LOjeP_TD2JA&index=10&list=PLUI8orgy1HVzbImElOLtkmjNtMOIhLanc&t=24s (parte 1) e https://www.youtube.com/watch?v=z46CvL0GikQ&index=9&list=PLUI8orgy1HVzbImElOLtkmjNtMOIhLanc&t=4s (parte 2).

(Ao vivo: Matheus Barato, Cesar Cavazzola (TV) e Lucas Cidade)

Que marginal terá coragem de assaltar a sua casa, roubar o caixa do seu comércio ou mesmo violar a sua propriedade sabendo que lá existe um sistema que aciona as demais casas da vizinhança? Ele sabe que não terá de lidar com um, mas com outros dez. Penso até que não seria um trabalho fácil nem mesmo para uma quadrilha. Se você cria um sistema de segurança alternativo, está fora da segurança pública. Você não precisa mais ouvir os políticos da sua cidade, você não precisa mais se preocupar com a situação local e vai dispensar o trabalho da polícia preventivamente. Trata-se de um sistema alternativo para viver em paz com a sua família. E, neste caso, que político que teria coragem de procura-lo para falar dos problemas da segurança pública? Você nem daria ouvidos para ele.

(Multidão na Ucrânia joga político no lixo: https://www.youtube.com/watch?v=pd3LTe6NFxU )

A praça do seu bairro está feia? Reúna um grupo de vizinhos e resolvam o problema?

Sua rua está suja? Vá e limpe.

Iluminação pública? Troque você mesmo a lâmpada.

Saúde? Trabalhe e tenha o seu próprio plano.

Trabalho? Crie o seu. Há uma demanda enorme por uma série de serviços.

Você não precisa passar por uma universidade. Lá há muito pouco para aprender. É dinheiro jogado fora [e, infelizmente, já gastei muito com isso].

Se você quer aprender algo, pesquise!

(Moradores constroem ponte que a Prefeitura de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, tinha orçado em R$ 2 milhões com apenas R$ 5 mil)

Crie a sua própria maçonaria, com pessoas de diferentes áreas e que vão se ajudar mutuamente, como se fosse uma troca de serviços. Assim, se um político vier procura-lo, diga que não reconhece o seu trabalho: aqueles que deveriam ser nossos funcionários mais obedientes, querem que cada vez mais sigamos suas ordens.

Os ucranianos jogaram um de seus políticos na lixeira. Se a moda pegar aqui, vai faltar lata de lixo…

 

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