Nem bem assumiu o Governo francês, Emmanuel Macron já perdeu 10% de popularidade. Segundo o instituto de pesquisa IFOP, cujos números foram publicados no periódico “Journal Du Dimanche”, a insatisfação com o mandatário cresceu de 34% para 43%. É o pior resultado para um Presidente recém eleito desde 1995, quando Jacques Chirac perdeu 15% de sua aprovação antes de completar cem dias no cargo.
Macron é mais bem visto no exterior do que dentro da França. Não é à toa, tenta-se criar uma onda internacional de candidatos centristas que repliquem o seu desempenho nos mais variados países. No Brasil não é diferente. O DEM tem buscado parlamentares do PSB que estão descontentes. A ideia, ainda incipiente, é promover uma refundação partidária que coloque a sigla no centro político. O Podemos, liderado pelo Senador Álvaro Dias, compartilha da mesma estratégia.
Eis o surgimento do centrismo gourmetizado, que pretende emprestar sofisticação ao que, no contexto de nosso país, sempre foi fisiologismo. Se no exterior o centrismo é uma tentativa de resposta ao suposto radicalismo político que surge nos EUA e na Europa, aqui a coisa toma forma do puro oportunismo. É a velha política travestida de inovação. Em seu DNA, os mesmos mecanismos velhacos: cooptação de descontentes, projetos pessoais e nenhum traço de linha ideológica. Na tentativa de reproduzir a versão tupiniquim de Macron, vamos no máximo parir um Renan Calheiros com batatas rústicas ou um José Sarney com cebolas caramelizadas.