Nem só de metalurgia vive o sindicalismo brasileiro. Agora, de maneira nada velada, ele também se entronizou na raiz operacional das chamadas “minorias sociais”. Faz tempo que o esquerdismo trocou de excluídos. Antigamente, eram os proletários em caráter abstrato, agora são os negros, os homossexuais, os índios e os ciclistas. Saiu o chão de fábrica e entrou o Baile do Scala Gay. A mudança de público, entretanto, não mudou a metodologia profundamente corporativista que orienta a atuação destes grupos.
Na última semana, além do caso da exposição “Queermuseu”, divulgado com pioneirismo pelo Portal Lócus, a temática cultural também foi pautada pelo retorno do assunto “cura gay”, já amplamente debatido em 2013. Tudo porque o juiz Waldemar Claudio de Carvalho, da 14° Vara Federal do Distrito Federal, deu deferimento a uma liminar sustando dispositivos da resolução 001/99 do Conselho Federal de Psicologia, que disciplinou de forma inconstitucional a relação médico-paciente em casos de homossexualismo. No despacho, o magistrado afirmou que a “norma em questão, em linhas gerais, não ofende os princípios maiores da Constituição. Apenas alguns de seus dispositivos (…) Assim, a fim de interpretar a citada regra em conformidade com a Constituição, a melhor hermenêutica a ser conferida àquela resolução deve ser aquela no sentido de não privar o psicólogo de estudar ou atender àqueles que, voluntariamente, venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade, sem qualquer forma de censura, preconceito ou discriminação”.
Foi o suficiente para que o mundo viesse abaixo. Sob influência do movimento LGBT, pulverizado nos mais variados grupos, o jornalismo politicamente correto comprou o slogan da “cura gay” e o atribuiu ao texto do referido juiz. Nos grandes portais de notícia a abordagem condenatório foi em uníssono, ainda que a liminar não contivesse qualquer referência a hipotéticas curas.
Nunca houve “cura gay”. Nem agora, com a liminar do juiz Carvalho, nem no passado, quando uma Comissão da Câmara dos Deputados também tentou modificar a resolução 001/1999 do Conselho Federal de Psicologia. O termo inventado foi uma peça de propaganda reversa, cunhada com o objetivo de inviabilizar qualquer debate e estigmatizar eventuais discordantes como homofóbicos.
Assim como a CUT, o movimento LGBT, que não deixa de ser a CUT do Arco-Íris, também tem uma agenda, inclusive com metas legislativas. Se a primeira quer impedir a modernização das leis trabalhistas, o segundo pretende criminalizar o que chama de homofobia. Para fazer valer suas pretensões, ambos precisam criar o clima político adequado. Se A CUT fala em precarização do trabalho, o movimento LGBT descontextualiza a violência que acomete gays no país. Uma passa a impressão de que voltaremos para o regime de escravidão, o outro que o Brasil é um Irã continental. Apinhadas de militantes, as redações jornalísticas compram as teses com complacência, trocando os fatos pela narrativa influente.
O sindicalismo LGBT é mais poderoso que seus antecessores. Em pouquíssimo tempo já montou uma rede de influências que lhe garante notoriedade e palavra monopolística nos meios de comunicação, mesmo que eventuais indivíduos gays ou não tenham algo a obstar de concreto. Para estar no palanque do movimento é preciso de carteirinha ideológica. O caso da “cura gay” foi apenas um exemplar bem sucedido da ação política empreendida por ele.
Nota Complementar: No texto “Supremacistas brancos e Antifas: dois retalhos do mesmo tecido”, do colega Hugo Silver, há uma bela análise que serve para entender o movimento revolucionário nos EUA. A realidade de lá não é diferente da nossa.