Pode ser que o prefeito Luciano entenda pouco de economia. Pode ser, no entanto, que esteja esbarrando em chavões marqueteiros para elogiar uma empresa que é mezzo privada, mezzo estatal.
Um informe publicitário da BSBIOS entrou na programação da RBS TV local, mostrando cerimônia de apresentação para a comunidade do seu Relatório de Sustentabilidade 2016. Uma publicação (também disponível online em pdf) que mostra o histórico, a estrutura das unidades de Passo Fundo e Marialva/PR, além das ações corporativas desta que é uma das maiores empresas da região e amplamente conhecida pela população.
A peça publicitária tinha tudo para ser apenas o registro de uma cerimônia corporativa, até o momento dedicado aos depoimentos de especialistas e autoridades. Na gravação, o prefeito de Passo Fundo Luciano Azevedo dá um curto e revelador pronunciamento:
“Pra Passo Fundo é um orgulho a BSBIOS. Investimentos, livre iniciativa, geração de empregos, mas com muito compromisso social, ajudando a melhorar a nossa cidade“.
O petróleo, digo, o biocombustível, “é nosso”.
O prefeito errou feio ao colocar BSBIOS e “livre iniciativa” no mesmo pronunciamento. A empresa (como informa na página 29 o documento lançado no evento) é uma Joint Venture entre a R.P. BIO e a Petrobrás Biocombustíveis, cada uma com 50% no negócio. Pela R.P. BIO, responde sozinho o empresário Erasmo Carlos Battistella e a Petrobrás Biocombustíveis – a própria Petrobrás – integralmente.
Mas a questão não fica apenas na associação de uma empresa privada com uma estatal. O mercado de combustíveis é altamente regulado, fato que sozinho já elimina o “livre” da iniciativa. E só piora.
Em janeiro, os embates com o executivo sobre o projeto que liberava o uso do terreno da BSBIOS como garantia em empréstimo para a empresa.
É impossível não lembrar os recentes embates entre a Câmara de Vereadores e a Prefeitura, por ocasião da votação de um projeto do Executivo para a afirmação de benesses para a BSBIOS. O terreno onde está instalada a empresa foi cedido pela prefeitura e dado em garantia para um empréstimo bancário. Os vereadores Matheus Wesp (PSDB) e Betinho Toson (PSD) lideravam uma iniciativa contrária a este arranjo, mas a dupla foi voto vencido. Você pode relembrar os embates nos canais dos vereadores aqui e aqui.
Mercado regulado, escolha de favoritos, estatais detendo monopólio, leilões públicos, doações de terrenos. Este arranjo não passa de corporativismo anti-mercado e está muito distante das definições de livre iniciativa. O Brasil está cheio destes exemplos nas telecomunicações, energia, mineração e tantos outros.
Claro que os números são altos na geração de empregos e no retorno em impostos para o município de Passo Fundo, mas gestores que dependem desses gordos retornos oriundos de arranjos estatais andam no fio da navalha. Perguntem ao prefeito de Rio Grande. Ele deve ter boas histórias para contar sobre dormir com o orçamento cheio de dígitos e acordar com desvalorização de imóveis, desemprego e montanhas de sucatas dos pujantes e eleitoreiros projetos da Petrobrás.
A medida estava sendo amplamente criticada pelos setores da sociedade. Na dicotomia “salvar o sistema público de transporte” e “controle dos gastos públicos”, prevaleceu o segundo
A pandemia veio como uma avalanche sobre a economia brasileira. O “fique em casa, a economia a gente vê depois” mostrou ser mais um jargão politiqueiro do que uma solução para a crise que se instalava não só na saúde, como nas finanças como um todo: empresas fechadas, setores com baixa demanda, demissões em massa. Isso sem contar naqueles que, amparados pela força estatal, submeteram empresários a prisões forçadas ou vendo seus negócios lacrados por agentes de saúde. Um fiasco.
Consequentemente, a conta um dia viria. Sobre o setor de transporte público, é evidente que seu uso depende de que o resto esteja em pleno funcionamento. A pandemia diminuiu consideravelmente os números do setor. Com restrições, as pessoas se obrigaram a valer de outras formas de locomoção. Com muitos desempregados, o Uber e outros aplicativos se tornaram opção para muitos. Uma corrida de Uber, em muitos casos, estava “pau a pau” com uma passagem de circular urbano, o que prejudicou ainda mais as finanças de empresas como a Coleurb e a Codepas, de Passo Fundo.
Na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, em regime de urgência, de autoria do Poder Executivo Municipal, o PL 107/2022 queria garantir cerca de R$ 8 milhões para as duas empresas municipais. Para uns, a medida não implicava “apoio às empresas”, mas a “salvação do setor público de transporte urbano” – muitos já não caem nessa conversa. Para outros, a pandemia afetou quase que a totalidade dos empresários e setores da economia, sendo injusto o destino de tanto subsídio concentrado em duas empresas. E as demais, como ficam?
Por 11 votos contrários a 9 favoráveis, o subsídio foi reprovado.
Estes três adjetivos deram o tom da entrevista coletiva concedida pelos vereadores da oposição em Passo Fundo, sobre o Projeto de Lei que quer subsidiar a Coleurb e a Codepas
Os vereadores da oposição chamaram a imprensa de Passo Fundo para uma coletiva nesta quarta, 7 de dezembro. A apresentação foi liderada pela vereadora trabalhista Professora Regina, que conduziu com maestria o evento responsável por esclarecer a posição dos oposicionistas sobre o PL 107/2022 e escancarar o amadorismo do Executivo no envio do pobríssimo texto para a casa, em regime de urgência.
Também participaram da coletiva os vereadores Ada Munaretto (PL), Rufa (PP), Ernesto dos Santos (PDT), Eva Valéria Lorenzato (PT), Tchequinho (PSC), Gleison Consalter (PDT), Rodinei Candeia (Republicanos) e Sargento Trindade (PDT).
Existem dois grupos distintos de vereadores contrários ao subsídio entre os oposicionistas: os que não querem dinheiro público na mão de empresas privadas de qualquer maneira e os que não querem liberar os valores sem uma melhor transparência e garantia de contrapartidas, como prestação de contas e manutenção dos empregos. No primeiro grupo, destacam-se Ada, Tchequinho e Candeia.
“Ridículo e horrível” foi a definição dada pelo vereador Gleison Consalter para o projeto, destacando que várias empresas foram afetadas pela pandemia, não apenas as de transporte. “Vergonhoso” ficou a cargo de Tchequinho, que lembrou das dificuldades habitacionais na cidade, como nas ocupações na região do Bourbon, e agora “querem dar dinheiro para a Coleurb”.
Nota-se que o prefeito está queimado com este grupo de vereadores. O chefe do executivo mandou um projeto ruim para a Câmara, o que gerou a elaboração de diversas emendas na casa que agora recebe insinuações de má-vontade, de estar “trancando a pauta” e até usando o caso para objetivos eleitorais de olho em 2024. Insinuações repudiadas com veemência e pronunciamentos inflamados de Ada e Candeia.
Coleurb e Codepas provavelmente receberão este dinheiro, mas não será tão fácil como pretendia a prefeitura e o grupo político que comanda a cidade desde 2013. O povo de Passo Fundo terá que sofrer mais um pouco até o segundo capítulo desta novela, com a licitação do transporte público de fato. Este, só Deus sabe quando sai.
O evento está previsto para o próximo dia 6, às 19h, na sede do Sindicato Rural
Na sua 4ª edição, o evento “O Despertar da Direita” contará com a palestra “Para onde o STF está levando o Brasil“, do vereador Rodinei Candeia (Republicanos), no Sindicato Rural, em Passo Fundo.
A seguir, é possível ver o texto de divulgação pelos organizadores do evento, além de link para inscrição. No card, logo abaixo, é possível visualizar mais informações sobre horário e endereço do local.
A Constituição Federal não foi rasgada.
Foi rasgada, pisada, queimada… E agora está sendo reescrita.
O Supremo Tribunal Federal (STF), que deveria servir ao povo, revelou-se uma quadrilha que, a cada canetada, coloca mais uma algema nos punhos da população.
Onde isso vai parar? Que Brasil estamos deixando para as próximas gerações?
Após 3 anos em silêncio, O Despertar da Direita está de volta. Para ajudar a lançar luz em um momento tão obscuro, faremos o primeiro de muitos encontros. Neste, teremos uma palestra sobre o tema Para onde o STF está levando o Brasil?, com o convidado Rodinei Candeia.
Sua entrada é 100% gratuita, mas pedimos que confirme sua presença entrando no grupo oficial do evento, tocando no link: