William Waack, apresentador do Jornal da Globo, foi flagrado em um vídeo de bastidores cometendo o que se pode caracterizar como injúria racial. Incomodado com um motorista de carro que passava buzinando próximo ao local onde seria gravado um comentário para a TV, o jornalista disse: “Ta buzinando por quê? Seu merda do cacete. Deve ser um, com certeza, não vou nem falar de quem, eu sei quem é, sabe o que é”. Em seguida, se inclinando para falar ao interlocutor que estava no seu lado, murmurou: “Preto, né? Preto”.
https://www.youtube.com/watch?v=6BjYQIkykJY
As redes sociais não demoraram para repercutir as falas, que já renderam a Waack um afastamento temporário por determinação da Rede Globo. Em nota, a emissora afirmou que é “visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações”.
A expressão “coisa de preto”, ainda usada correntemente em ambientes particulares, já não tem mais caráter essencialmente racista. Ela é designada muito mais para ações de rafuagem ou de vileiros do que negros. Mesmo assim, ela tem em si uma origem preconceituosa embutida. E se já não pega bem falar ela entre quatro paredes, o que imaginar se dita diante de uma penca de câmeras. É assombroso que um jornalista do nível de William Waack, reconhecido pela seriedade e competência, tenha dito uma coisa dessas, ainda mais em um estúdio de TV.
Inúmeros negros se sentirão atingidos pela fala de Waack, e não sem razão. Não por incompreensão ou por serem politicamente corretos, mas porque se trata de uma declaração com carga racista dada por uma personalidade da mídia, responsável por comandar a bancada de um dos mais importantes noticiosos da maior emissora do país. Mesmo não sendo preconceituoso, “coisa de preto” saindo de sua boca ganha uma dimensão muito maior do que teria se tivesse saído da boca de um cidadão comum. No caso dele, trata-se de uma burrice e de uma imprudência que merecem um pedido de desculpas público, mesmo que o estrago profissional já esteja feito e que seja quase incontornável.
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