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Bolsonaro é o novo Collor?

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Meu amigo Paulo Cruz, a quem entrevistei no Podcast Lócus, fez uma provocação interessante no Facebook: falou que Jair Bolsonaro é o novo Fernando Collor. Foi o suficiente para atiçar os leitores, que se manifestaram na postagem com comentários favoráveis e contrários à afirmativa.

Comparar figuras políticas contemporâneas com Collor é um esporte nacional. Em muitos casos, entretanto, acontece o “Reductio ad Collorem”, porque não há semelhanças reais entre o ex-presidente e o alvo da comparação. Em nossa história recente, Aécio Neves, Marina Silva, Ciro Gomes já foram considerados potenciais novos Collors, ainda que apenas Dilma Rousseff tenha tido o mesmo destino dele.

Isso quer dizer que Paulo Cruz esteja errado? Não, de forma alguma. Ainda que no campo moral Jair Bolsonaro não lembre Collor de forma alguma, é preciso analisar o contexto político. Os críticos de Bolsonaro, que muitas vezes são tão radicais quanto os partidários mais embevecidos do deputado, fazem as perguntas erradas, cegos que estão pelo ódio que nutrem dele. E aí deixam de fazer as perguntas que são válidas.

Para vencer a próxima eleição, Jair Bolsonaro tem um ativo importante: a rejeição que grande parte da população tem dos políticos tradicionais. Todos estão fartos do PMDB, do PSDB, do PT e de seus satélites. Claro, há outras razões, e aí estão os alarmantes números da violência para demonstrar. Mas é inegável que não ser membro da elite partidária brasileira configura-se em uma vantagem na atual situação.

Dito isto, é preciso diferenciar as condições de vitória eleitoral com as condições de governabilidade. E é na segunda fase, depois de uma vez eleito, que surgem as potenciais semelhanças com Fernando Collor. Não porque Bolsonaro é corrupto e tem um PC Farias em sua estrutura de campanha, mas porque ele, uma vez eleito, provavelmente não terá apoio político para conduzir suas pautas. Será um governo em permanente tensão, com minoria nas duas casas legislativas.

O presidente Bolsonaro governaria com quem? O presidencialismo de coalizão, essa estrovenga política que só existe no Brasil, não vai desaparecer em 2018. Por mais fragilizados que estejam, as principais legendas continuarão com amplas bancadas no Congresso. O chamado “centrão”, composto por fisiológicos de todos os matizes, manterá sua influência e cobrará caro por ela.

Vencedor do processo eleitoral, Bolsonaro precisaria negociar uma agenda para o país. Teria de compor, teria de ser pragmático, teria de negociar. Envolveria distribuição de cargos? O PMDB teria espaço nos ministérios? E o PP? E se não houver distribuição de cargos? E se PMDB e PP, além de outros partidos, não tiverem espaço nos ministérios? Ainda não vi ninguém fazer essas perguntas.

Não se trata de terrorismo, apenas de confrontar sua candidatura e as expectativas de muitos de seus apoiadores com a realidade da política brasileira. Ou alguém acredita que os nobres representantes do povo apoiarão a agenda Bolsonaro pensando no bem do país e sem pedir nada em troca?

É possível governar tendo uma agenda de país e governar sem ter essa agenda. Fernando Henrique usou o apoio dos fisiológicos para aprovar as bases de nossa política econômica, incluindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Já Lula, Dilma e o PT fizeram da troca de favores com os fisiológicos o mecanismo ideal para que eles se perpetuassem no poder. De uma forma ou de outra, quando esse apoio se perde o governo acaba. Dilma perdeu a mão no Congresso e se viu enfrentando um processo de impeachment.

Se optar por compor com as forças políticas tradicionais, é bem provável que Bolsonaro seja rejeitado por ampla parcela dos eleitores que votaram nele como forma de protesto contra a elite política.  Teria Jair Bolsonaro a receita secreta para governar sem necessariamente montar uma coalização de governo? Conseguiria governar apenas com o apoio das ruas?

O fato é que, se não tiver apoio no Congresso e for abandonado pelas ruas, cujos organismos de mobilização ainda estão nas mãos da esquerda, Bolsonaro não poderá fazer nada. E foi assim que Collor terminou. Ou alguém acredita que o Fiat Elba seria suficiente para derrubá-lo se tivesse maioria no Congresso? Jair Bolsonaro pode ser o novo Collor? Para não ser, terá de fazer o que parte de seu eleitorado não quer e nem espera que ele faça.

Ouça o Podcast Lócus 4: Paulo Cruz considera que a influência do discurso racialista está na base do afastamento de William Waack

Leia também: As dificuldades concretas dos candidatos da direita nas eleições de 2018

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A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

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Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

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Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

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Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

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Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

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Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

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