A se confirmar o noticiário de bastidores, quando este texto estiver publicado, Luciano Huck já deverá ter anunciado que não se candidatará a Presidente. Será bom para ele e para o país. Mesmo assim, dado o tamanho da empolgação em torno de seu nome por parte de setores da mídia, da classe artística e do empresariado, é importante avaliar o que ele representa, já que foi eleito por alguns para ser eleito por todos.
Há uma certa elite no país, não aquela costumeiramente referida por Lula, que pretende determinar como todos devem pensar e agir. É uma gente esnobe e viajada, que ouve Chico Buarque, frequenta áreas VIPs de festivais e se espanta com o conservadorismo moral da ampla maioria da população. Dos bairros nobres onde vivem, pretendem reformar o cidadão médio, tornando-o mais progressista. Imaginam o Brasil do amanhã sem o brasileiro de hoje.
Enojados com Lula, visto como um traidor que se sujou no processo de chegada ao poder, entenderam por bem buscar um nome palatável ao mercado, fora do sistema político convencional, confiável para as donas de casa e simpático às minorias politicamente organizadas. Não poderia ser Marina Silva, que representou esse papel nas eleições 2010 e 2014, pois hoje tem imagem desgastada.
Toda cabeça oca é terreno fértil para a influência de terceiros. Luciano Huck não pensa coisa alguma. Até ontem, sua maior contribuição para o imaginário nacional era o quadro televisivo da Tiazinha, onde uma atriz portando lingerie preta e chicote sadomasoquista depilava as pernas de marmanjos amarrados. Ainda assim, Huck é inegavelmente popular, bem apessoado e com trânsito entre os mais influentes. Foi assim que tornou-se o nome ideal para servir de hospedeiro (no sentido parasitário) para as ideias da elite progressista.
Escrevi em minha página no Facebook: “Diga o que quiser sobre Jair Bolsonaro, sobre Lula, sobre Ciro Gomes, sobre Marina Silva, sobre Geraldo Alckmin, sobre João Doria e até sobre Levy Fidelix, mas nenhum deles seria artificial como o Luciano Huck. Qual é a visão de país que esse sujeito tem? O que pensa sobre os problemas objetivos da sociedade? As respostas para essas perguntas são um mistério. Convenhamos que até o irmão dele, um ativista de extrema esquerda, tem mais a dizer”.
Em palestra no evento Connect Samba, cujos ingressos variavam de R$ 369 a R$ 739, o apresentador teve a oportunidade de falar um pouco sobre o contexto do país. O que saiu de sua boca não foi diferente do já visto em colóquios do Leandro Karnal ou em entrevistas do programa do Pedro Bial.
A elite progressista busca desesperadamente por um candidato. O ideal é que seja um Emmanuel Macron tupiniquim ou um Justin Trudeau tupinambá. Se não for Huck, terá de ser outro. O que importa é que o nome sirva como ponta de lança para a catequização social politicamente–correta da população, esses selvagens reacionários que habitam as terras de além-mar.
Se você gostou deste artigo ou de outros de nossos materiais, clique no link abaixo e apoie o Lócus fazendo uma assinatura anual. Com ela você terá acesso a conteúdos exclusivos.