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A batalha da linguagem, o partido da imprensa e a nova hegemonia

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Desde a redemocratização, passamos por um pequeno período de liberdade de circulação de ideias. No entanto, os atores que acenderam ao cenário político cultural, logo construíram o que chamamos de hegemonia. Este cenário – que propiciou um projeto totalitário muito mais perverso que o anterior – foi colocado em xeque a partir da disrupção de 2013. Ocorre que, mesmo após esse rompante, estamos diante da tentativa de reedificar a mordaça cultural.

O ano é 2013, e aquilo que parecia a “ultima etapa a ser superada” pelos camaradas, se voltou contra eles. O passo adiante foi interrompido pela livre circulação de ideias na internet e mídias sociais. O trabalho feito por pensadores na década de 1990 e anos 2000 na rede começava a ganhar massa crítica.  O que era para ser “mais direitos” virou “contra a corrupção petista”; os 20 centavos – um frame trágico para esquerda – custaram a bilionária vida dos nababos sociopatas.

Acontece em 2014 eleições que já não suportavam os mesmos modus operandis da hegemonia de outrora. Neste vácuo moral-politico, no fim de 2014, por todo 2015 e 2016, novos atores ganham a cena política: são os movimentos orgânicos suprapartidários brasileiros – em destaque para o Movimento Brasil Livre (MBL), que sem dúvida é hoje no mundo talvez o maior fenômeno jovem liberal-conservador no planeta. Mas isso, um pensamento conservador, não seria facilmente tolerado.

Nestes anos de batalha pela queda Lulopetista, o jogo da linguagem e domínio de narrativa, foi duramente travado entre os movimentos de rua versus establishment cultural (mídia mainstream e academia). A dificuldade de mostrar o óbvio perante um massacre midiático compensava pela adesão cada vez maior de pessoas às manifestações. A massa crítica sabia, em sua grande maioria, que estávamos tratando de expulsar um partido totalitário do poder.

D. Marisa, Lula, Dilma e Temer na posse da Dilma como Presidente.

Após a queda petista da Presidência, podemos perceber claramente a claque cultural nua. A imprensa – não estou falando da oficialmente chapa branca, como a Carta Capital, e sim, de uma Veja, por exemplo – logo tenta fazer dessa nova massa crítica algo a ser execrado. A nova democracia ascendida pela nova direita é transformada em um “pedido trágico”; “drama brasileiro”, “onde as pessoas não conversam” e que todos estes “males” são causados pela “polarização”. O julgo real democrático começa a se tornar insuportável para os hegemônicos, então a solução é criar um ambiente de repulsa à nova direita e à “polarização”.

O establishment cultural-político entende que precisa vestir outra roupagem, aceitar algumas novas premissas e tentar uma reocupação do espaço perdido. Surgem então iniciativas artificiais criadas para principalmente desidratar a nova direita. São movimentos como o Agora, Acredito, Mudamos, RenovaBR, que pipocam de forma amorfa, mas com muito poderio financeiro e midiático. Seriam eles a prova material que existe uma união entre mídia, elite e academia? Sim, podemos chamar tal fenômeno de globalismo tupiniquim. Quem capitania tal movimento? Luciano Huck, Renato Meirelles, Globo e alguns novos partidos, que compõe em seu escopo ideológico aquilo que seria “aceitável” dentro da nova hegemonia: liberalismo econômico e progressismo – difícil usar essa palavra, pois, na realidade, é um anti-progresso cultural. Essa nova-hegemonia está disposta a eliminar alguns degrades da antiga-hegemonia para se reestabelecer, mas tudo com foco exclusivo de não permitir quaisquer possibilidades de ascensão da orgânica e popular nova direita – leia-se MBL e adesões ao fenômeno Bolsonaro. Em um clima de repulsa, já forjado pela figura de linguagem da “polarização”, todos estes movimentos e atores se unem num think thank só: o RenovaBR.

Site RenovaBr

A tentativa da nova-hegemonia nada mais é do que a sobreposição do escopo cultural para cima das mídias sociais. Lembram-se do fake news, campanhas e mais campanhas contra a “polarização” nas redes? Comerciais em rádio e matérias na TV dizendo para que “não se confie” nessa troca de “ideias sem comprovação” dos agentes formais culturais. O RenovaBR junta tudo isso em uma banca que aprova ou não aprova candidatos para receberem verbas, cursos de capacitação exclusivos para “não extremistas”. É o Partido da Imprensa sendo formado debaixo dos nossos narizes. Uma espécie de restauração do período pré-2013, aquele para o qual não existia “esse acirramento”, ou se preferir “extremismos”. Então temos todos os agentes em uma mesma foto só. Reparem na “banca” do RenovaBR em matéria do Estadão:

Além de Meirelles, o corpo de avaliadores é composto por Eduardo Mufarrej, cofundador do RenovaBR, os cientistas políticos Humberto Dantas, Marcelo Issa e Glauco Peres. E membros de ONGs e movimentos cívicos, como Patricia Ellen (do Agora! – movimento próximo a Luciano Huck); Ilona Szabó, (diretora executiva do Instituto Igarapé); Celso Athayde (da Frente Favela Brasil) e Adriana Barbosa, do Instituto Feira Preta. Entre os avaliadores existe um político com mandato, o vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG), que aos 31 anos está em seu primeiro mandato. “Não existe nenhuma tentativa de doutrinação nas nossas escolhas”, afirmou o cientista político Humberto Dantas.

Só para citar alguns nomes: (1) Ilona Szabó, do “Instituto Igarapé”, uma defensora ferrenha do desarmamento, cadeira cativa em todos os programas da Globo, uma anti-MBL assumida, ao qual chama de “radicais”. Um produto perfeito, bancado pela elite paulistana para nos reamordaçar; (2) Celso Athayde, que simboliza a luta de classes pura com seu em formação, “partido da favela”; (3) Humberto Dantas, outro que tem assento cativo nos programas da Globo, flerta contra a desmilitarização das polícias; (4) enfim, claramente, observamos a união entre liberdade econômica- Armínio Fraga e Meirelles- com o psolismo cultural. Não me surpreendeu que exatamente os partidos Novo, PSOL, Livres e Rede seriam os aceitáveis para serem os representantes da nova-hegemonia, pois neles, está contido exatamente a “liberdade possível” e, principalmente, o laicismo anti-conservador.

Vejam a pergunta que exclui “extremistas” no processo de seleção de acordo com o grau de reposta positiva. Segue trecho da matéria do Estadão:

No ato da inscrição, os interessados responderam a um questionário em que precisavam se posicionar sobre valores morais. Um dos enunciados, por exemplo, afirmava: “Os valores da família tradicional e da congregação religiosa são bases para uma sociedade saudável”. Para essa questão, o candidato teria de assinalar uma alternativa entre seis possíveis, que variavam gradativamente entre “concordo completamente” e “discordo completamente”.

Com esse tipo de questão, já na primeira fase, eliminamos os radicais e extremistas de direita ou esquerda”, disse Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, um dos 25 avaliadores que estão participando da banca.

Fica claro e límpido que ser um conservador que sabe exatamente a diferença entre o laicismo e estado laico pode ser fatal no “processo seletivo”. Dentre os mantras, também deve conter um aceno positivo a figuras de linguagem como “teorias da conspiração”, “tolerância”, “diversidade” quando o assunto for exatamente o espelho do RenovaBR no mundo: o globalismo. Mas ora, não seria a iniciativa exatamente a prova real de que tal movimento existe, já que no próprio estatuto do Renova está claro que cumpridores de agenda da ONU? Não é a simbiose perfeita para o termo construído outrora pela Rede Globo chamado “polarização” mais o apoio maciço dos maiores empresários do Brasil e da classe artística em geral?

O RenovaBR rompe com a velha hegemonia, rifando os degrades da esquerda econômica – PT, PSTU, PCdoB – mas fecha o cerco aos movimentos orgânicos brasileiros que tem na sua base cultural as tradições morais judaico-cristãs. Não seria esse o objetivo de termos como “obscurantismo religioso”? Estamos diante novamente do mesmo laicismo estatal-midiático-cultural pré-2013, no qual vivemos mais de 20 anos, em que o próprio Estado sabota a cultura natural brasileira, quer seja pelo próprio executivo federal ou pelo ativismo judicial de Robertos Barrosos da vida. Reparem que o PSOL está desavergonhadamente classificado como “não radical”. Precisamos de maior indício que esse?

Este novo top down cultural está em curso. A democracia pós-2013 corre perigo nas mãos dessa união do estamento burocrático aos novos hegemônicos. O Partido da Imprensa, que no EUA tem a clara relação entre CNN e Democratas, mostra a sua cara no Brasil com os mesmos subterfúgios: Rede Globo, roubo do termo liberal pra si e muito, mas muito dinheiro envolvido para as pautas da ONU. O RenovaBR é um Troia inconteste nesse novo momento do Brasil.

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A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

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Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

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Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

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Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

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Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

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Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

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