Após a maior recessão em mais de um século, com queda acumulada do PIB de aproximadamente 7,0% entre 2015 e 2016, o Brasil finalmente voltará a crescer em 2017: nossa expectativa é de que a atividade econômica tenha se expandido em torno de 1,0%. Para 2018, nossas perspectivas apontam para uma aceleração dessa taxa (algo próximo a 3,0%). Quais são os motivos que sustentam esse prognóstico? E o que nos impede de avançar mais? Ao longo desse artigo, vamos procurar responder a essas questões com base na análise de alguns indicadores.
Vetores de crescimento da economia brasileira em 2018
Melhora da situação financeira das famílias
Especialmente entre 2015 e 2016, as famílias brasileiras sofreram com a diminuição dos seus rendimentos, provocada pelo aumento do desemprego e pela inflação em alta.
O volume de consumo, no entanto, caiu mais do que proporcionalmente em comparação com a queda da renda, por conta de um comportamento precaucional: diante do quadro de incertezas que permeou a economia e a política, muitos trabalhadores reavaliaram seus orçamentos com o objetivo de gerar uma sobra de recursos para lidar com eventuais dificuldades.
Vamos analisar um exemplo prático: se minha renda tem queda de R$ 300/mês e eu deixo de consumir R$ 500/mês, gero uma poupança de R$ 200/mês para ter condições mínimas de enfrentar alguma contingência.
Essa reserva, reforçada pelo saque das contas inativas do FGTS, foi utilizada para o pagamento das dívidas, conforme o gráfico abaixo. Agora, diante da melhora da situação financeira e do represamento do consumo por vários anos, as famílias reúnem melhores condições para voltar a adquirir bens e serviços, o que deve ajudar na recuperação da economia.
Comprometimento da renda com o serviço da dívida e endividamento das famílias
(% da renda mensal e % da renda acumulada em 12 meses)
Fonte: Banco Central do Brasil.
Inflação em patamares baixos
Conforme explicitado aqui, ainda há muita capacidade ociosa na indústria e no mercado de trabalho. Ou seja, o lado da oferta tem condições de aumentar a produção para atender o aquecimento da demanda, sem que isso pressione tanto a inflação. Além disso, a safra de grãos, mesmo com a queda projetada para 2018 de aproximadamente 10% em relação a 2017, ainda deve ser boa. Portanto, nem mesmo a redução esperada da colheita, que deve causar uma alta relativa nos preços dos alimentos, e o crescimento mais forte do PIB devem fazer com que o IPCA ultrapasse a meta de 4,5% no ano que vem. A inflação relativamente baixa e estável também auxilia na renda real das famílias, pois conserva o poder de compra dos salários.
IPCA
(Em %)
Fonte: IBGE e Relatório FOCUS (15/12/17).
Manutenção dos juros em patamares baixos
O quadro inflacionário positivo, o cenário externo favorável aos países emergentes, a vigência da PEC do Teto dos gastos públicos e a credibilidade dos membros do Banco Central devem manter a Taxa SELIC baixa para padrões brasileiros. O barateamento do crédito deve ser sentido com mais intensidade no ano que vem para consumidores e empresários. Isso porque existe uma defasagem entre os movimentos da política monetária – responsáveis por determinar os juros básicos da economia – e o repasse para as linhas de empréstimo disponíveis para contratação.
Aumento do emprego
O mercado de trabalho começou a dar os primeiros sinais de melhora de 2017, ainda que por conta de uma piora na qualidade geral dos vínculos de trabalho. Entretanto, essa é a primeira via por onde se manifesta a melhora do emprego após uma crise econômica, em função dos menores custos relacionados à contratação de mão de obra sem carteira assinada. À medida que a recuperação ganhe força, a demanda por formalização aumentará. Dados da PNAD/Contínua do IBGE mostram que trabalhadores do setor privado formais ganham em média, 63,4% e 33,0% do que os informais e do que os por conta-própria, respectivamente. Caso esse cenário venha a se confirmar, a massa de salários do Brasil aumentará e, consequentemente, o consumo.
Cenário externo favorável
Apesar da expectativa de continuidade de elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, a liquidez (quantidade de dinheiro em circulação) internacional continua abundante. Como ainda existem muito recursos disponíveis nos mercados internacionais, os investidores seguem buscando oportunidades lucrativas, como no caso do Brasil. As boas perspectivas com relação à economia americana e da Zona do Euro, a evolução positiva da atividade na China e o abrandamento dos riscos geopolíticos globais ajudam a manter o apetite pelo risco e, por conseguinte, os juros internos baixos.
Taxa de juros global*
(Em % a.a.)
Fonte: Central Bank News. *Ponderada pela importância global do respectivo país.
O que nos impede de crescer mais em 2018?
Questão fiscal
Conforme já abordado em outro artigo, o governo tem dificuldades em realizar o ajuste fiscal da economia. Por um lado, aumentos de impostos representam um fardo a mais para a expansão da atividade, além de serem impopulares. Já os cortes pelo lado da despesa exigem, na maioria dos casos, mudanças legais e constitucionais para sua efetivação, e envolvem alto desgaste político.
Dados do Instituto Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, mostram que a margem fiscal do governo – percentual do orçamento passível de ajuste – é inferior a 10%. Diante do tamanho do rombo fiscal esperado para o ano que vem (R$ 159 bilhões), o simples contingenciamento das despesas discricionárias não é suficiente.
Elevado grau de incerteza, prejudicando os investimentos
Os investimentos são fundamentais para sustentar o aumento da capacidade produtiva das firmas e o crescimento do país. Muitos deles requerem vultosos aportes de capital, e levam tempo até atingirem sua maturação. A incerteza oriunda da questão fiscal e das eleições de 2018 deve fazer com que os projetos sejam postergados, até que haja uma sinalização mais clara do que se pode esperar para o futuro. Sem indícios precisos de manutenção da estabilidade econômica, a previsibilidade diminui consideravelmente, assim como os investimentos.
Considerações finais
Em suma, existe uma recuperação contratada para o ano que vem, em linha com a melhora do quadro macroeconômico do País em comparação com os últimos anos. Todavia, o elevado grau de incerteza com o cenário político e magnitude do desafio fiscal impedem uma retomada mais vigorosa.
A manutenção do crescimento para além de 2018 requer a modernização do Setor Público, através de reformas que visem estancar o crescimento das despesas, sobretudo com a Previdência. É por isso que as eleições do ano que vem são tão importantes, tanto do ponto de vista do Executivo quanto do Legislativo. Caso os ajustes não sejam postos em marcha, o canal das expectativas será contaminado, o que pode levar a uma nova crise já em 2019.
Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.
Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.
Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.
Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.
A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.
Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos
Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha, com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.
Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.
Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…
Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:
Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:
Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.
Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja: