Como confiar em uma instituição que flerta com valores e visões de mundo contrárias às dos próprios fiéis?
Há quem diga que só católicos podem falar sobre os assuntos da Igreja. Este que vos escreve pede permissão para discordar desta afirmação. O objetivo é ser solidário aos milhões de seguidores da doutrina que ainda representa a luz do mundo.
Se em Passo Fundo os textos de alguns colunistas em canais católicos provocam polêmica ao defenderem a Revolução Russa, o petismo e Che Guevara (aos olhos complacentes das instâncias superiores da Igreja), não muito longe daqui, em Londrina-PR, grupos de extrema-esquerda são voz ativa em eventos como o 14º Encontro Intereclesial das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), com o mote “CEBs e os desafios do mundo urbano”. Tudo muito bem denunciado pelo jornalista Bernardo Kuster aqui e aqui.
Os responsáveis por estes crossovers entre o céu e o inferno na terra muitas vezes lançam mão da carta da democracia e da pluralidade de ideias. Disfarçam um modo de olhar marxista para todos os aspectos da vida humana, da nossa convivência familiar até as crenças mais profundas de cada indivíduo, católico ou não. Neste universo paralelo, o abortista divide espaço com o protetor da vida, como reforçador do direito de falar e não como doutrinador em confissão, em iminente arrependimento.
Se a situação é calamitosa e a paz de espírito parece estar longe dos templos, a ação requerida é justamente a contrária. Cabe aos católicos preservar os valores e os propósitos, por mais difícil que pareça esta missão. Afinal, em outros tempos, famílias inteiras arriscaram a vida pela crença, na guerra ou na paz. É coisa para desprendimento, estudo e persistência.
O tempo da Igreja é outro. As coisas acontecem em um ritmo muito diferente do nosso dia a dia (e até mesmo distante do compasso das nossas trocas políticas). Estes problemas não nasceram ontem. Eles são frutos de décadas de trabalho das forças obscuras atuantes no Brasil e no mundo. É tempo de confrontar, pacificamente, os antagonistas.