Uma das perguntas da prova do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aplicada em janeiro de 2018, deixou claro o viés ideológico dos examinadores. A questão de número 22 da prova de História afirmava que o pensador liberal Milton Friedman havia atuado como conselheiro econômico de Augusto Pinochet, militar que comandou o Chile nas décadas de 1970 e 1980.
O problema é que a afirmação contida no enunciado da questão é falsa. O vereador Ricardo Gomes, do Partido Progressista de Porto Alegre, concedeu entrevista ao Lócus On Line explicando como foi a repercussão desse erro histórico justamente na prova de História de um dos concursos vestibulares mais importantes do país.
“Havia, na questão, uma mentira. Essa acusação foi desmentida pelo próprio Friedman, que negou diversas vezes ter atuado como conselheiro de Pinochet”, declarou Gomes.
“A UFRGS, como universidade pública, deveria ter isenção ideológica, mas os examinadores preferiram seguir uma fonte indireta de uma autora canadense ao invés da fonte primária do próprio Milton Friedman, que negou ter feito qualquer assessoria a Pinochet. Isso mostra o viés ideológico da prova de história da UFRGS. Pergunto: qual é o interesse? É a seleção de alunos com viés ideológico demarcado ou é doutrinar até na prova do vestibular? ”, questionou.
Esse fato levanta a indagação sobre a doutrinação promovida por professores em sala de aula, tema também abordado durante a entrevista.