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Com Miguel Díaz-Canel, ditadura cubana vira brutalidade almofadinha

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É curioso observar como boa parte da mídia ocidental repercute com complacência a troca de poder em Cuba. O noticiário dos últimos dias tratou o sistema político da ilha como se fosse uma democracia de fato. O novo governante do país foi chamado de “presidente”, ainda que tenha sido eleito de forma indireta e sem concorrentes. Só o Partido Comunista tem candidato, e só ele tem representantes na Assembléia Nacional, poder fictício e sem função decisória alguma.

Há inequívoca simpatia dos jornalistas pela figura polida e limpinha de Miguel Díaz-Canel, que foi empossado no lugar de Raúl Castro. Esperam que, com a saída da velha liderança comunista, haja modernização efetiva do regime que já dura mais de meio século.

Não demorou para que Díaz-Canel mostrasse a que veio. No último domingo, nove integrantes do grupo “Damas de Branco” foram presas em Havana. Entre elas estava a líder da organização, Berta Soler. As “Damas de Branco” são um grupo de ativistas formado por mulheres que tem parentesco com presos políticos em Cuba. Desde 2003, sob violenta repressão do governo, elas se manifestam pacificamente aos domingos pelas ruas do país.

Ao contrário de Fidel e Raúl Castro, que militaram na guerrilha revolucionária, o novo ditador de Cuba veio da academia. É o típico burocrata carreirista que se criou no mundo universitário e foi galgando posições dentro do Partido Comunista. A troca da farda e do coturno pelo terno e gravata não arrefece o totalitarismo, a perseguição política e o policiamento da liberdade de expressão. A ditadura cubana mudou de aparência, mas não de natureza. O que antes era sanguinolência militarista agora virou brutalidade almofadinha.

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