Passo Fundo

Eleições na UPF: os cegos e o elefante

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O pleito uniu gregos e troianos pelo comando da universidade nos próximos 4 anos.

A divulgação dos resultados das eleições na Universidade de Passo Fundo estava marcada para a noite do dia 23 de maio, no Centro de Eventos da instituição. Minutos antes, uma pequena multidão de apoiadores da Chapa 2 tomava conta do local entre abraços e sorrisos de um grupo numeroso de professores e funcionários, mas também gritos de guerra vindos de estudantes com perfil de movimento estudantil. Não muito longe dali, consta que a “turma da Chapa 1” ocupava o espaço da Associação dos Professores, sem compartilhar na plenitude este momento único. Seria um presságio?

Tanta confiança resultou em certeza quando a comissão eleitoral subiu ao palco do centro de eventos e deu o veredito: com mais de 58% dos votos, a Chapa 2 era a vencedora. Deste ponto em diante, gritos ensurdecedores tomaram conta do espaço. No site da UPF é possível conferir a distribuição dos votos entre os alunos, funcionários e professores, com peso de 15% para as duas primeiras categorias e 70% para a última. É um pleito que dá mais valor para o voto do corpo docente.

A Chapa 2 ganhou nos 3 grupos, com um resultado mais equilibrado entre os funcionários. Entre os alunos, a vitória foi arrasadora, com mais de 65% dos votos. Tinham direito a voto 15950 alunos, 1188 funcionários e 709 professores, totalizando 17847 eleitores.

Cerca de 20 dias de campanha eleitoral levaram as propostas das duas chapas para os eleitores e também para a comunidade. Ambas eram ativas nas redes sociais, mas a superioridade da chapa 2 neste setor foi gritante, do gerenciamento das postagens até a qualidade das peças criadas. Superior também foi a capacidade de gerar engajamento na internet: em enquetes informais, a “Ação UPF” trucidou a “UPF Mais” em vários episódios. No jargão da gurizada, a Chapa 1 não soube lidar.

Alguns vídeos de apoio deixados na página da Chapa 2, que terminou a eleição com 2105 curtidas no Facebook. No momento da elaboração deste artigo, não havia registro de canal da Chapa 1 na rede social ou em site próprio, ambos apagados após a derrota.

As propostas apresentadas pela Chapa 2 foram amplamente aceitas pelo eleitorado da UPF, de acordo com os números. O caráter heterogêneo dos apoiadores também foi notável, com movimentos estudantis e seus integrantes mais no lado extremo da esquerda até professores de cursos tradicionalmente mais à direita, como Agronomia. Trata-se de um caso extremo de convergência assumida em nome do bem comum ou a vida imitando a Parábola dos Cegos e o Elefante, onde cada personagem define o que “sente” baseado na parte que toca (ou entende).

Momento da divulgação do resultado: Chapa 2 é vencedora.

Para a comunidade passo-fundense, só resta a opção de assistir ao pleito e torcer para que o efeito das escolhas de alunos, funcionários e professores da UPF resultem em desenvolvimento para a cidade e região, em uma instituição livre de escolhas anacrônicas no ensino e que não seja plataforma para a defesa de ideologias do passado.

Não faz muito tempo que denunciamos aqui na Lócus o festival de absurdos ocorrido na última edição da Jornada de Literatura, com convidados escolhidos “a dedo” por uma comissão organizadora conivente com discursos políticos de extrema-esquerda, ativismo de botequim (literalmente) e defesa aberta da teoria “Impeachment foi Golpe”. Tudo isso azeitado com muito dinheiro público, inclusive da Prefeitura de Passo Fundo. Segundo consta, algumas cabeças pensantes da organização do Jornada são partidárias da chapa vencedora.

Os últimos anos também mostraram para a comunidade conflitos ideológicos severos dentro da universidade, como no caso da realização de um evento do EPL (Estudantes da Liberdade), cancelado e liberado em poucos dias por conta de uma tentativa de boicote de alguns setores. Houve também a recepção negativa (oficializada nos perfis das redes sociais de alguns professores) contra a presença do então deputado estadual Marcel van Hattem (na época do PP) em palestras. Adicione casos e mais casos contados entre amigos sobre doutrinação nas salas de aula, especialmente durante os primeiros semestres. Onde estão todas as pessoas envolvidas? Que chapa escolheram para apoiar? (A pergunta é retórica).

É imprescindível que a comunidade acompanhe de perto a gestão de Bernadete Dalmolin frente à Universidade de Passo Fundo. O sucesso da nossa universidade também é o sucesso da cidade. Diferente dos cegos da história citada aqui no artigo, precisamos ver o todo, sempre com os olhos bem abertos.

 

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