Ação pode ser considerada uma das maiores manifestações políticas desta categoria já realizadas na cidade
Aos gritos de “eu fui de graça”, milhares de apoiadores do candidato a presidência da república do PSL, Jair Messias Bolsonaro, formaram uma carreata que atravessou a principal avenida de Passo Fundo na tarde de domingo, 16 de setembro.
Este tipo de ação é tradicional nas campanhas políticas e muito mais forte nas eleições municipais, onde candidatos a prefeito e vereador medem esforços desfilando com a maior quantidade de apoiadores motorizados que o carisma ou o orçamento da campanha permitem comprar. No caso dos prefeitos, quanto maior a coligação, maior a possibilidade de vereadores juntarem os próprios apoiadores, criando uma sinergia de familiares, cabos eleitorais e simpatizantes pelas ruas e avenidas da cidade.
Em eleições nacionais e estaduais as carreatas são menores, já que a estrutura e a defesa dos interesses dos candidatos chegam aos municípios com força muito menor. Fora das iniciativas de candidatos locais, o que se vê é uma campanha tímida, especialmente nas presidenciais.
Convite espalhado pelas redes sociais e WhatsApp convidava os apoiadores para a atividade no domingo.
A carreata neste domingo mesclou elementos das tradicionais manifestações convocadas “pela internet” com a ação de uma tímida organização partidária. A sigla de Bolsonaro em Passo Fundo é muito pequena e até poucos dias atrás nem contava com sede física, sendo praticamente o trabalho do seu presidente, Vinícius Morais, e amigos da causa. Um terceiro grupo entra em jogo: os bolsonaristas organizados em grupos de amigos, sem ligação partidária e consumidores – e algumas vezes produtores – de camisetas e adesivos, muito antes do período eleitoral.
Estas três forças somadas resultaram na carreata vista neste domingo, com centenas de carros forrados com bandeiras do Brasil e passageiros caprichando nos gestos característicos do candidato, como a famosa (e polêmica em alguns círculos) “arminha com a mão” e continências amadoras e pra lá de humorísticas. Uma parcela muito pequena levava bandeiras de identificações de candidatos a deputados estaduais e federais. No final, tudo convergiu para a Praça da Mãe, onde um revival dos bons dias de #ForaDilma aqueceu os participantes.
Nota oficial do PSL local sobre a carreata: mais de 2000 veículos.
Mil quilômetros mais ao norte, o candidato e fiel depositário das aspirações de milhares de passo-fundenses repousava em um leito hospitalar, por conta dos ferimentos sofridos no atentado que dispensa comentários. Diretamente do hospital Albert Einstein, em São Paulo, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo inédita para os apoiadores. Mesmo visivelmente abatido, reforçou suspeitas sobre o processo eleitoral e animou, na medida do possível, seus fiéis representantes.
O resultado desta eleição é incerto nesta etapa. Certeza, neste momento, só uma: esta cidade nunca viu tamanha manifestação de apoio a um único nome na política brasileira.