Tornou-se corrente a ideia de que o Brasil precisa ser politicamente pacificado depois da eleição. A tal polarização, dizem, instaurou o clima de beligerância no país. Nada poderia ser mais errado. Estamos acostumados com a permissividade absoluta. Por tempo demais, o debate público foi monopolizado apenas por um tipo de pensamento, de modo que vivíamos em uma democracia fajuta. As coisas não são e nem serão mais assim.
A paz que deve ser ambicionada não é a das posições políticas, e sim a social. Essa se perdeu em meio a onda de criminalidade incessante que seiva a vida de milhares de brasileiros. Segundo o Anuário da Violência, há mais de uma década o país registra 60 mil homicídios todos os anos. O somatório representa um número de mortes superior ao das guerras da Síria e do Iraque.
Se nas eleições anteriores os grandes assuntos eram estabilidade econômica, emprego e continuidade de programas sociais, agora tudo se voltou para a segurança pública. O cidadão comum, que precisa sustentar a família, já não sabe se termina o dia vivo. Precisa lidar com o perigo contínuo dos assaltos, das balas perdidas e dos sequestros, que não escolhem nem hora e nem local para acontecer.
Na medida em que os bandidos conquistaram as ruas e áreas inteiras dos centros urbanos, a população foi sendo empurrada para dentro de suas casas, que se transformaram em fortalezas. Chaves, trancas, cadeados, correntes, cercas elétricas, arames farpados, dentre outros itens, tornaram-se mais do que essenciais no dia a dia.
Ao longo dos últimos anos, poucas ações realmente foram tomadas para se dar alguma resposta ao drama da criminalidade. Quase nenhuma delas foi de fato efetiva. Continuamos à merce de uma legislação que não pune e de um sistema penitenciário que não separa os delinquentes da sociedade. A autodefesa foi restringida e os policiais que, desestimulados, estigmatizados e com poucos recursos, tentam fazer seu trabalho, acabam sendo impedidos pelo contexto de inépcia e descaso.
A economia continua contabilizando o preço da irresponsabilidade fiscal do PT. O sagramento das contas públicas é um dos desafios do futuro presidente. Mas ninguém pode trabalhar e produzir sob a mira dos bandidos. O que se impõe como emergencial, portanto, é o combate à bandidagem. O Brasil clama por lei e ordem, não por ordens de quem viola as leis.
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