Quando uma imprensa moralmente corrupta e uma esquerda vingativa se unem para enfrentar um filósofo brilhante e um governo fraco, quem perde é a verdade. Roger Scruton, 74 anos, está sendo sordidamente atacado pelo establishment político e midiático e sua carreira pública pode ser encerrada caso o governo inglês ceda às pressões.
APELO AOS LEITORES DESTE ARTIGO: Por favor, peço a todos os admiradores e leitores do Roger Scruton que demonstrem sua solidariedade ao filósofo inglês se inscrevendo na sua conta oficial do Twitter e no seu novo canal oficial do Youtube. Compartilhem, curtam e deixem a sua mensagem de solidariedade, mesmo que seja em português, no seu pronunciamento oficial divulgado pelo Twitter (clique aqui). Inscreva-se também na Newsletter oficial através do website do Roger Scruton: www.roger-scruton.com.
No último sábado, dia 3 de novembro, o filósofo conservador inglês Roger Scruton foi escolhido como Presidente da nova comissão governamental ‘Building Better, Building Beautiful’ (‘Construindo Melhor, Construindo Bonito’). Nas palavras do Secretário de Habitação do governo de Thereza May, James Brokenshire, um dos objetivos da Comissão é “desenvolver uma visão e medidas práticas para ajudar a assegurar que novos empreendimentos habitacionais atendam às necessidades e às expectativas das comunidades, tornando-os mais propensos a serem bem-vindas do que resistidas”. Como Presidente, Roger Scruton será um dos responsáveis pela elaboração de planos que servirão como base para a construção de novos empreendimentos habitacionais, respeitando aspectos estéticos e as necessidades específicas de cada localidade.
Roger Scruton
Assim que foi indicado para essa posição, que é não remunerada, parlamentares do Partido Trabalhista, alimentados por fontes de blogs de esquerda, reagiram exigindo do governo a demissão imediata de Roger Scruton. O primeiro a se manifestar foi Wes Streeting que na terça-feira, dia 6, acusou o filosofo de antissemita. Para o parlamentar, a prova de que Scruton é antissemita é que ele disse, em uma palestra dada em 2014, que “muitos dos intelectuais de Budapeste são judeus e fazem parte das extensas redes em torno do Império Soros”. O segundo crime de Roger Scruton, de acordo com Wes Streeting, é ser amigo do Primeiro Ministro da Hungria, Viktor Orbán, que é de direita. John Healey, também do Partido Trabalhista, no mesmo dia tweetou “Você pode explicar isso, James Brokenshire?” com um link para o site esquerdista The Red Roar que foi o primeiro veículo a fazer as denúncias.
O establishment midiático então começou a sua cruzada. Às acusações de antissemitismo, se juntaram a de islamofóbico, misógino, homofóbico e até de defensor da eugenia. No The Guardian, a jornalista Zoe Williams – jornalista que em 2015 apoiou abertamente Jeremy Corbyn – escreveu: “Roger Scruton – não é um estranho à intolerância e é um amigo dos Conservadores”. Zoe ainda reiterou que Scruton é antissemita e acrescentou que o filósofo é “anti-islâmico”, acusando-o de querer “reatar culpa à homossexualidade”. O Mirror listou mais dois crimes na lista de Roger Scruton: ter elogiado o Vlaams Belang, partido de direta da Bélgica, por estarem dispostos a defender a cultura nacional e combater as acusações de islamofobia, e ter dado uma palestra, em 2015, para o Traditional Britain Group – grupo que promove valores nacionais, o que para o establishment é um pecado imperdoável. O Independent, já no subtítulo, afirma que Roger Scruton é um “filósofo controverso” e, sem perceber a ironia, transcreve um trecho de um comentário para a BBC Radio 4 em que ele foi profético: “Desvie minimamente da ortodoxia, e você será acusado de homofobia e, embora isso ainda não seja um crime, vem acompanhada, especialmente para aqueles com cargo público, por um custo social real“. Para o Independent, essa declaração é uma amostra de que Scruton é “controverso”. A ironia consiste em justamente pôr em prática o que o filósofo aponta: destruir a sua reputação por desviar da opinião dominante.
Pinçar uma frase solta dita numa palestra há quase cinco anos, acusando o filósofo de ser antissemita, faz parte de um contra-ataque estratégico do Partido Trabalhista. Nos últimos meses, o Partido tem sofrido com reais denuncias de antissemitismo, que incluíram declarações de Jeremy Corbyn – que foi obrigado a desculpar-se em ao menos duas vezes. Acusar Scruton agora é pôr em prática o famoso “acusou-os do que você faz”. Agora, diversos parlamentares da oposição, tanto do Partido Trabalhista e do Partido Liberal Democrata, pressionam a Primeira Ministra Thereza May e o Secretário de Habitação a demitir Scruton a menos de uma semana da sua indicação para compor a Comissão.
O QUE ESTÁ EM JOGO
A questão do déficit habitacional é um grave problema na Inglaterra. A alta demanda, impulsionada pela especulação imobiliária e pelos movimentos migratórios que concentram a população nas grandes cidades, em conjunção com as diversas limitações para construção de novas residências, fez crescer extraordinariamente os preços nas últimas décadas (tanto dos aluguéis como de novas aquisições). A solução governamental para acabar com o déficit habitacional foi a construção de grandes blocos habitacionais. Esses monstrengos verticais de concreto, tão feios que tem a capacidade de chocar o mais esteticamente insensível espectador, pipocaram pelas grandes cidades inglesas ao longo dos anos 80 e 90. Quem já teve a oportunidade de visitar a Inglaterra, conhece o charme e a beleza da arquitetura tradicional de casas populares que preenchiam ruas inteiras, com lindos jardins, conferindo unidade e um aspecto comunitário genuíno. Hoje essa paisagem típica contrasta com gigantescos blocos residenciais, construídos exclusivamente considerando a sua função mais imediata, despreocupados com a unidade ou adequação com o entorno. Quando não foi mais possível disfarçar a feiura e a influência nefasta da estética horripilante no modo de vida das pessoas que habitam esses grandes empreendimentos habitacionais, a solução encontrada foi literalmente tapar os prédios com revestimentos de polietileno. A tragédia estética, assim, se tornou em tragédia humana: o incêndio da Grenfell Tower, que vitimou 72 pessoas e dezenas de feridos, muito provavelmente teria sido evitada sem o revestimento, que ajudou a propagar o fogo numa velocidade assustadora.
Tower Blocks e Construções Tradicionais – O belo e o feio
O documento oficial de lançamento da Comissão expressa que um dos seus principais objetivos é “defender a beleza, com foco na oportunidade de melhorar a qualidade de casas”. Roger, um estudioso apaixonado pelo tema, é a pessoa certa para o posto ao qual foi indicado. Não há na Inglaterra pessoa mais qualificada que ele para o cargo. Os ataques não só constituem uma injustiça contra o filósofo, mas ao povo britânico, que será o beneficiário maior das ideias que serão postas em prática caso seja-lhe dada a oportunidade.
A VERDADE DOS FATOS – O QUE ROGER SCRUTON DISSE E A RESPOSTA AOS CANALHAS
Leia aqui a transcrição da palestra em inglês disponível no site do filósofo e abaixo a tradução para o português. É uma frase proferida nessa palestra que seus detratores pinçaram para acusar Scruton de antissemita. Leiam abaixo e atestem que o argumento é justamente oposto: ele estava criticando o antissemitismo que impede a união entre húngaros étnicos e judeus.
‘The Jewish minority that survived the Nazi occupation suffered further persecution under the communists, but nevertheless is active in making its presence known. Many of the Budapest intelligentsia are Jewish, and form part of the extensive networks around the Soros Empire. People in these networks include many who are rightly suspicious of nationalism, regard nationalism as the major cause of the tragedy of Central Europe in the 20th century, and do not distinguish nationalism from the kind of national loyalty that I have defended in this talk. Moreover, as the world knows, indigenous anti-Semitism still plays a part in Hungarian society and politics, and presents an obstacle to the emergence of a shared national loyalty among ethnic Hungarians and Jews’.
TRADUÇÃO: A minoria judaica que sobreviveu à ocupação nazista sofreu também perseguição sob os comunistas, mas, no entanto, está ativa em fazer sua presença conhecida. Muitos dos intelectuais de Budapeste são judeus e fazem parte da extensa rede em torno do Império Soros. Nessa rede estão incluídas muitas pessoas que corretamente suspeitam do nacionalismo, consideram o nacionalismo como a principal causa da tragédia da Europa Central no século XX e não distinguem o nacionalismo do tipo de lealdade nacional que defendi nessa palestra. Além disso, como o mundo sabe, o antissemitismo nativo ainda desempenha um papel na sociedade e na política húngara, e representa um obstáculo ao surgimento de uma lealdade nacional compartilhada entre os húngaros étnicos e os judeus.
No dia 7 de novembro, Roger escreveu uma resposta aos seus detratores no Telegraph. O título já diz tudo: “semieducados tweeteiros querem me amaldiçoar com minhas próprias palavras. Se ao menos eles tivessem realmente lido”. No artigo, Scruton explica as suas posições, esclarece que já proferiu palestras na Central European University, universidade húngara fundada e financiada por George Soros, e esclarecendo sua posição sobre a falência dos estados islâmicos escreveu: “O tema não é simples, o que torna ainda mais triste o fato de jornalistas semi-educados acharem que basta tweetar algumas palavras de um discurso que eles nunca leram para dar uma contribuição ao que é, de fato, o debate político mais importante no mundo de hoje”.
O The Spectator, a revista conservadora mais antiga da Inglaterra, publicou alguns artigos em defesa de Roger Scruton. Em um deles, Toby Young relembra um comentário de Scruton que resume bem a situação: “Uma vez identificado como de direita, você está além do limite do argumento. Suas opiniões são irrelevantes, seu caráter desacreditado, sua presença no mundo um erro. Você não é um oponente a ser debatido, mas uma doença a ser evitada. Esta tem sido a minha experiência”. Toby finaliza o artigo dizendo que “Sir Roger Scruton é um dos grandes intelectuais de nossa época e esses comissários do politicamente correto não estão aptos a amarrar os seus sapatos”. Douglas Murray, para a versão americana do The Spectator, escreveu uma defesa brilhantes, apontando o insignificante currículo e questionável moralidade dos detratores de Scruton.
Essa não é a primeira vez que Professor Scruton é atacado pela horda sanguinária da esquerda. Já sofreu anteriormente com acusações infundadas, difamações e censura. Como sempre, ele responde com bom humor. Na sua última newsletter, enviada antes do esperado com uma mensagem sobre o ocorrido, ele prometeu coletar todos os seus comentários ultrajantes e disponibiliza-los numa seção especial de seu site para facilitar a vida de seus adversários: “Isso salvará os críticos de Roger de muitos esforços desnecessários e servirá para iluminar suas vidas com um senso de sua própria justiça”, lê-se na newsletter.
Ainda que o filósofo encare tudo com bom humor e com a mais fina ironia, o assunto é muito sério e é ilustrativo de que a esquerda avança – não só no Brasil e nos Estados Unidos, mas também na Europa – para calar seus adversários e para destruir a reputação de qualquer um que divirja dos seus dogmas. Roger Scruton também não é o único a sofrer desse tipo de ataque. Mas, tratando-se de um dos filósofos mais brilhantes do último século, é obrigação moral das pessoas sensatas defenderem a sua honra e a sua brilhante reputação.