Joaquim Levy está de volta. Foi convidado por Paulo Guedes para participar do futuro governo de Jair Bolsonaro. Atuará como presidente do BNDES, cargo que ganhará ainda mais projeção em virtude das falas do presidente eleito ainda quando era candidato. Dentre suas promessas, a de que, ainda em 2019, abriria o sigilo dos contratos firmados pelo banco durante o governo petista. Ao longo da campanha eleitoral, Bolsonaro fez críticas enfáticas ao modelo de gestão da empresa, bem como aos financiamentos feitos por ela em obras realizadas em países alinhados com o PT.
Mesmo com currículo sólido e passagens por instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, Levy foi boicotado no período em que foi Ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.
Quando a ex-presidente foi reeleita, sob extrema desconfiança da verdadeira situação da economia brasileira, recorreu a um nome que agradasse o mercado financeiro como forma de garantir alguma tranquilidade. Foi nesse contexto que Levy acabou escolhido. Ele representava a ruptura do modelo desenvolvimentista implementado por Guido Mantega. Essa mudança, entretanto, não foi bem recebida na esquerda, que tratou de inviabilizar toda e qualquer iniciativa de austeridade cuja implementação fosse estudada.
A ideia de ajuste fiscal, iniciada apenas com as reformas propostas no governo Michel Temer, na verdade é oriunda da passagem de Levy pelo Ministério da Fazenda. Como não encontrou amparo nem em Dilma, que o nomeou sem convicção, acabou ficando pouco tempo na pasta. Sua passagem pela pasta não durou nem um ano, sendo substituído por Nelson Barbosa, que representava a verdadeira linha econômica defendida pelos petistas.
A nomeação de Levy para o BNDES é essencialmente técnica, mas não deixa de ser um tapa de luva em Dilma Rousseff e nos petistas, que o trataram com desapreço e menoscabo no passado. Agora ele terá a oportunidade de mostrar seu valor, trabalhando para implementar uma agenda de transparência a uma estatal que foi instrumentalizada pela militância ideológica.
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