Não confundam o porte jovial de Eduardo Leite com a idade de suas ações. A montagem de seu secretariado é prova inequívoca de que o discurso eleitoral que praticou não serviu de parâmetro depois de ter vencido o pleito. A retórica do dinamismo, vista em comícios, propagandas de televisão e debates, acabou dando vez ao que todos já conhecem: partilha de secretarias entre aliados, nomeações que contrariam o eleitorado e aumento da estrutura pública. Em outras palavras: um conjunto de velharias.
Uma das pastas anunciadas por Eduardo Leite é a de Governança e Gestão Estratégica. O nome é pomposo, mas vai na contramão do que se viu até aqui. Que tipo de gestão estratégica é essa que amplia o número de secretarias estaduais quando a situação das contas públicas do Rio Grande do Sul é tão calamitosa?
O que se esperava era o enxugamento da máquina. Preferiu-se, entretanto, agradar os partidos da base, acomodando representantes do Rede, do PTB, do PP e até do PMDB. Mesmo Ana Amélia Lemos, que se viu sem mandato depois da infeliz jornada presidencial ao lado de Geraldo Alckmin, encontrou seu espaço na futura Secretaria de Relações Federativas e Internacionais.
Durante a seu programa eleitoral, quando aparecia vestido com sapatênis e camisa social fora da calça, Eduardo Leite falava que tudo seria mais fácil sendo mais ágil na Administração. Em meio a uma altercação com José Ivo Sartori em um debate na TV Bandeirantes, chegou a dizer que era necessário “tirar a bunda da cadeira” para governar. Veremos se isso se confirmará na prática durante seu mandato com tantas bundas novas sentadas em seu secretariado.
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