Urge que, antes de reformar a Previdência ou vender estatais mastodondicas, o governo de Jair Bolsonaro unifique seu discurso para deixar claro o que pretende de fato fazer no país. As últimas 24 horas foram reveladoras da bagunça que se tornou a comunicação entre o presidente e seus colaboradores. Enquanto o mandatário dizia uma coisa, sua equipe econômica formulava outra. O próprio Onyx Lorenzoni, que ocupa o Ministério da Casa Civil, teve de convocar uma coletiva de última hora para dizer que o presidente se equivocou ao anunciar o aumento no IOF e a redução da alíquota do IR para contribuintes que ganham R$ 4.664,68.
O problema de interlocução interna e pública do novo governo vem desde a época da transição, quando as informações desencontradas já eram prolíferas. Os casos envolvendo a extinção ou continuidade do Ministério do Trabalho e do Ministério do Meio Ambiente são sintomáticos. Ocorre que agora, depois da posse, a falta de coordenação pode ter consequências mais severas, incluindo prejuízos para a economia e desgaste para o presidente.
É positivo que Bolsonaro tenha uma linha de diálogo direta com a população e que use redes sociais e conceda entrevistas para tanto. Por outro lado, isso não impede a existência de informações de caráter institucional. Donald Trump, cujos paralelos com o presidente brasileiro sempre são ressaltados, vive postando em sua conta no Twitter, mas tem assessores de imprensa comandados pela competentíssima Sarah Huckabee Sanders.
O presidente ser desmentido por um subalterno é razão para se soar o sinal amarelo no Palácio do Planalto. No último dia 3, Bolsonaro comandou a primeira reunião ministerial de seu governo. Ao término do encontro, foi Onyx quem teve de bancar o porta-voz improvisado. Até quando a comunicação do governo será conduzida dessa forma amadora?
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