Linguagem típica de partidos de extrema-esquerda, política identitária e o popular lacre dão o tom nos posts do partido, em sua página nacional no Facebook
Alguns vão dizer que se trata de uma estratégia de “roubo de narrativa”, mas o fato é que a página do DEM nacional no Facebook aderiu ao discurso que é comum em partidos e grupos organizados de esquerda.
Nos últimos meses, três postagens foram destaque dentro desta nova estratégia. Dia 25 de julho, um card com uma moça acompanhada da frase “Vai pra lá com sua intolerância que eu estou passando com a minha resistência” e o texto de suporte “As mulheres negras brasileiras são quem mais sofrem com baixos salários, violência e feminicídio. É preciso um basta. O DEM, que defende uma sociedade “mais justa, igualitária e sem opressão”, celebrava o Dia da Mulher Negra.
Em 25 de junho, a publicação “Mulher, é hora de ser protagonista do seu futuro/O DEM quer você na política” traz uma foto de banco de imagens com 5 mulheres em posições desafiadoras, símbolos feministas pintados no corpo e uma incrível mão azul (a cor do partido) simbolicamente (pasmem!) silenciando a mulher negra no centro do grupo. A foto original está disponível no site Dreamstime, dentro do catálogo da empresa Ammentorp Photography e é dedicada ao tema “violência contra a mulher”. Na original, a mão é vermelha.
Acima: foto original do post, disponível em banco de imagens. O DEM poderia pensar em investir em profissionais e modelos locais, exclusivos e reais para a sua comunicação.
Sobre a inviabilidade de uma sociedade igualitária, Percival Puggina esclarece neste artigo, só para começar uma série de apontamentos merecidos nesta publicação. Do artigo, destacamos:
Uma ordem social justa nada tem a ver com sociedade igualitária. A justiça, ao lado da liberdade e do desenvolvimento socioeconômico são as principais vítimas do igualitarismo. Embora seja apresentado como suposta virtude estatal, ele é mera arrogância política que afronta a Criação e o Plano de Deus.
A série de postagens aqui destacada encerra com a efeméride “Dia Internacional Contra a LGBTFOBIA” e o texto “O Democratas reforça a sua luta contra a LGBTfobia e pede respeito. Vivemos numa democracia, não há espaço para intolerância”, que foi ao ar no dia 17 de maio.
De resto, a página apela para cards com humor e trocadilhos com personagens de expressão nacional no partido.
O Democratas goza de uma posição de destaque dentro do governo Bolsonaro, com Onyx Lorenzoni comandando a Casa Civil, lado a lado com o Presidente, muitas vezes segurando o rojão nas questões polêmicas, inclusive peitando a imprensa. Tereza Cristina na Agricultura e Mandetta na Saúde também são importantes. O momento não poderia ser melhor para um partido que muitas vezes esteve na sombra do PSDB e foi difamado por Lula no infame discurso do “É preciso extirpar”, mas hoje deu a volta por cima.
Neste momento, torna-se interessante participar da liderança em uma comunicação ideologicamente consistente e coerente com a história da sigla. É o que esperam os seus seguidores e apoiadores.
Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.
Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.
Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.
Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.
A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.
Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos
Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha, com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.
Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.
Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…
Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:
Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:
Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.
Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja: