Em 2016, o advogado Rodrigo Mezzomo, junto à Justiça Eleitoral do estado do Rio de Janeiro, buscou concorrer a prefeito da capital carioca sem estar filiado a nenhum partido. Com o pedido negado, Mezzomo recorreu, levando o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Mezzomo concedeu entrevista a Lócus Online em 2018, momento em que pode apontar os argumentos que amparavam sua demanda. Em seu pedido, o advogado afirma que a candidatura avulsa, também chamada de candidatura independente, é um instituto possível em muitas democracias: Estados Unidos, Canadá, Japão, Chile. Para o advogado, impedir o cidadão de concorrer a qualquer cargo eletivo por não estar filiado contraria princípios da Constituição:
“Não podemos interpretar o artigo 14 da Constituição Federal, que fala da filiação partidária, de modo isolado. É preciso compatibilizá-lo com os demais dispositivos constitucionais e com os tratados internacionais que o Brasil assinou. A interpretação do artigo 14 deve ser feita à luz de outros princípios que constam na Constituição, como o da cidadania, o da dignidade da dessoa humana, e o do pluralismo político. Nossa Constituição não fala em pluralismo partidário, ou seja, é um entendimento mais amplo e implica ouvir todas a vozes e não apenas as vozes partidárias”.
Vale lembrar que o Brasil já teve a possibilidade de candidaturas avulsas. Desde a época do Império isso foi possível. Em 1945, Getúlio Vargas criou, via Decreto-lei, dois partidos, proibindo as candidaturas independentes. Para Mezzomo: “A proibição das candidaturas avulsa dá poder para as cúpulas dos partidos, ao invés de dar poder para as bases”. Até mesmo Marina Silva já, noutro momento, advogou pela medida nas suas redes sociais:
Este debate, levantado pela equipe da Lócus na ocasião, ganhou novo fôlego com a renovação política possível nas últimas eleições. O assunto vem sendo discutido na Comissão Especial de Estudo da Reforma Política. Ainda, na terça-feira (13), ocorreu uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados sobre a possibilidade de candidaturas avulsas nas eleições brasileiras, contando com a presença dos seguintes convidados: RODRIGO MEZZOMO, Advogado e professor da Faculdade Presbiteriana Mackenzie; CAETANO CUERVO LO PUMO, Advogado e Presidente do Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral; MARCOS SOUTO MAIOR FILHO, Advogado e Representante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em 2018, foi protocolada uma proposta de emenda à Constituição (PEC 229/08, do dep. Leo Alcântara), que já tramita no parlamento sobre esse tema, quer alterar o inciso V do § 3º do art. 14 da Constituição Federal, para permitir a candidatura de pessoas sem filiação partidária, mediante apoio de um número mínimo de eleitores.
Embora o assunto esteja longo de um consenso, é possível que a discussão evolua nos próximos anos. Já não são poucos os políticos descontentes com seus partidos, alguns até com eleitores suficientes para encarar uma eleição sem vinculação partidária. Não foi só Bolsonaro que demonstrou que é possível vencer uma eleição com contribuições franciscanas – muitos trabalham ao lado do seu público pela melhoria do sistema político, longe das amarras partidárias históricas.
A entrevista completa concedida pelo advogado carioca Rodrigo Mezzomo pode ser conferida no vídeo a segui:
Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.
Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.
Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.
Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.
A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.
Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos
Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha, com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.
Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.
Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…
Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:
Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:
Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.
Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja: