O partido, que fez milhões de votos na época do antipetismo, agora ajusta o seu curso cada vez mais voltado para a esquerda e pede mais maconha e menos armas para o Brasil
Os eleitores brasileiros sem opção votaram durante décadas no PSDB e foram xingados sistematicamente por petistas e correlatos de neoliberais, direitistas e até mesmo fascistas. Bastou Bolsonaro abater o PT nas eleições presidenciais para tudo ficar no seu lugar. Ou voltar para onde nunca deveria ter saído.
Afinal, o que está por trás de quem fala pelo PSDB?
O PSDB parece estar em um processo de pedido de desculpas aos primos esquerdistas, implorando por uma vaga na ceia de Natal de 2019 – e sem ressentimentos. Em seu Congresso Nacional do Partido, ocorrido no dia 7 de dezembro em Brasília, as “Teses-guias”, que nortearam os debates, sugeriram a liberação da maconha para uso medicinal, manutenção da política de cotas, defesa do Acordo de Paris, maior regulação e controle sobre porte e posse de armas de fogo e adoção de políticas de renda universal. Esta última, da boca do nosso próprio governador, Eduardo Leite.
A lista completa das “Teses-guias” você acessa neste link, diretamente do site do partido.
Esquerda pra valer
Além do tom das inequívocas teses-guias, há muito mais para ser observado no PSDB do ponto de vista de quem está na direita ou mesmo levanta a bandeira do conservadorismo. Dentro do partido, estão cinco segmentos com temáticas que você já viu por aí em pronunciamentos de partidos de esquerda. São eles o PSDB Mulher, PSDB Sindical, Tucanafro, Juventude PSDB Nacional e Diversidade Tucana.
O Tucanafro acha que tem papel fundamental no rompimento da lógica do sistema político brasileiro, historicamente elitista, autoritário, censitário e excludente, que dificulta a participação dos negros, indígenas – entre outros importantes seguimentos – que são politicamente sub-representados. Está no site.
Não podemos esquecer também que Esquerda pra Valer, por incrível que pareça, é o nome de uma corrente oficial do partido. Definido como um movimento de “tucanos em defesa dos compromissos do Programa e do Manifesto de fundação do Partido”, tem uma página no Facebook com depoimentos de diversas lideranças, entre elas a ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.
Ideologia de Gênero
O presidente da Diversidade Tucana, Edgard de Souza (que também é prefeito na cidade de Lins, SP) diz em vídeo oficial:
“Nós precisamos avançar na educação, pra derrubar os falsos mitos. Das grandes mentiras que existem hoje no debate não só nacional, mas internacional, que envolve a nossa comunidade, é a tal ideologia de gênero. Quando você diz você vai quer o que você quer, você vai ser o que a sua existência, o seu interior mais profundo é, não é ideologia, isso é liberdade. Isso é democracia. Isso é acolhimento. Como você faz este enfrentamento? Com educação. Desmascarando as falsas polêmicas, mostrando o que a ciência tem a dizer sobre isso.”.
FHC: Presidente de honra da sigla
O PSDB mantém o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como um mentor eterno, grande líder e exemplo de estadista. O ex-presidente é hoje um grande defensor da liberação das drogas (leia sobre isso no site da Fundação FHC), defende diálogo com Lula e diz que Bolsonaro “representa tudo o que eu não gosto”.
O PSDB pode ser o que quiser, mas você precisa estar bem informado
A era do “não petismo” acabou e a realidade mostra que não basta ser contra a corrupção (quem não é?) e xingar o PT para uma pessoa ou até mesmo candidato garantir na direita um lugar confortável para obter ganho político. É preciso cuidado na hora da análise de candidatos e associações que fazem vista grossa para toda uma estrutura partidária canhota, defendendo – ainda que com discursos rebocados para aparentar intelectualidade de botequim – que fins justificam os meios.