Governo Bolsonaro

Por que deveríamos lamentar a saída de Weintraub do MEC

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Em vídeo de despedida, Bolsonaro mostra nitidamente seu descontentamento com a saída de um dos ministros mais leais ao seu governo. Ditadura do Judiciário, posição do Centrão e extrema-imprensa devem carregar essa culpa

O Ministério da Educação tornou-se um símbolo do que há de mais abominável em matéria de educação. A centralidade das decisões educacionais num país com desigualdades sociais, culturais e econômicas como o Brasil mostra que a adoção de um modelo único para um território de dimensões continentais não funcionou. Dados oficiais não deixam mentir: o Brasil é um país de analfabetos funcionais e que está sempre nas últimas colocações nos exames internacionais.

Abraham Weintraub foi um nome técnico tão seguro quanto a escolha de Paulo Guedes para a pasta da economia. Conservador, olavista e bolsonarista de carteirinha – e jamais fez questão de parecer diferente. Com uma sinceridade que lhe é própria, disse em reunião ministerial que os ministros do Supremo deveriam ser presos – certamente, numa pesquisa de opinião popular, a maior parte da população brasileira se manifestaria nos mesmos termos. Incapazes de ouvir críticas, a turma do Supremo corre contra o tempo para colocar a sua cabeça numa bandeja.

O Ministério da Educação, conhecido como MEC, certamente não é um ambiente fácil para um bom conservador gerir. São anos de discussões de cotas para negros e demais minorias, a idolatria a Paulo Freire, a injeção bilionária de recursos para resultados irrisórios, a militância esquerdista (sobretudo as presentes nas universidades federais), a decadência do ensino e (consequentemente) da inteligência nacional. Weintraub surgiu como um cavaleiro medieval que colocaria o Ministério novamente nos eixos.

No vídeo em que manifestou a sua saída do MEC, é nítido que a expressão do Presidente Bolsonaro não é das melhores. Dizem que a cabeça de Weintraub foi o preço pago para que o Centrão voltasse a colaborar com a governabilidade do Governo no Congresso. A tristeza de Weintraub também é evidente: assim como os brasileiros de bem, ele é um daqueles sujeitos que não se esconde no campo de batalha. Está saindo do País para assumir cadeira no Banco Mundial, proposta mais do que merecida para alguém do seu gabarito.

Aqueles que comemoraram a sua saída, mostram que a visão da realidade não é seu forte. Weintraub queria resgatar os anos perdidos no sistema educacional brasileiro, o desperdício de verbas em pesquisas desnecessárias, além do financiamento público em ideologia de gênero e outras pautas da esquerda.

Numa das suas últimas cartadas enquanto ministro, revogou portaria, de 2016, que exigia das universidades federais a promoção de políticas de cotas em programas de pós-graduação. A norma determinava que as instituições federais de ensino superior apresentassem propostas de inclusão em seus programas de mestrado e doutorado e criassem comissões para discutir e aperfeiçoar ações nesse sentido. Parte dos senadores correram para criticar a medida, mas isso não quer dizer muito, pois estamos lidando com um dos senados mais comunistas da história do País (as medidas aprovadas durante a pandemia são uma prova deste argumento).

Os brasileiros de bem, portanto, deveriam lamentar a partida de Abraham Weintraub do Ministério da Educação. Essa culpa pode ser carregada pela ditadura do Judiciário, pela posição do Centrão e pela extrema-imprensa (que deixou há anos de informar a população para dotar a militância como bandeira profissional). Talvez um dia saibamos o que rolou nos bastidores. Mas como bom brasileiro que é, Weintraub não deixará de torcer por todos, mesmo que exilado por essas forças sociais que nada fazem a não ser prejudicar o Brasil.

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