Dr. Márcio Turra foi colega do infectologista Ronaldo Hallal e usou o twitter para alertar sobre decisões orientadas por política em detrimento da ciência na luta contra a pandemia
A Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI) emitiu nota no último dia 12 com um alerta sobre a “grave situação epidemiológica da COVID-19 no RS”, assinada pela diretoria da entidade e pelo comitê ad hoc COVID-19, formado pelos médicos Alexandre V. Schwarzbold, Alexandre Prehn Zavascki, Ronaldo Campos Hallal e Diego Rodrigues Falci.
O texto diz que “as medidas adotadas até o momento serão insuficientes para conter a pandemia que está evoluindo para um grave comprometimento do atendimento de pacientes com COVID-19 e daqueles que apresentam outras doenças” e pede que medidas mais rigorosas sejam consideradas e organizadas, antes que o sistema de saúde do RS entre em colapso.
O Dr. Márcio Turra, urologista de Marau e irmão do deputado estadual Sérgio Turra (PP), usou o Twitter para lembrar que um dos membros da entidade é “um esquerda radical, sempre se movimentou e pautou mais por convicções políticas que por conhecimento científico”. Na postagem, marca o governador Eduardo Leite e a ex-secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão do RS (hoje trabalhando no comitê de dados do coronavírus) Leany Lemos.
Alô @EduardoLeite_ , @leanylemos. Ronaldo Hallal, do comitê da Soc. de Infectologia, foi meu colega de turma, na UFPEL. Um esquerda radical, sempre se movimentou e pautou mais por convicções políticas que por conhecimento científico. #LockdownNaopic.twitter.com/nP0MdOimqE
Ainda que a nota não use a palavra, o site da SRGI replica notícias da imprensa gaúcha que dizem exatamente isso: que a recomendação é o lockdown. Para a Gaúcha ZH, o infectologista Alexandre Zavascki (integrante do comitê) diz considerar a prática e que é a única maneira de mudar a direção da curva, falando na primeira pessoa do plural.
Reforma trabalhista fragilizou os trabalhadores
Se é preciso uma análise mais aprofundada das ações e recomendações do SRGI e de todas as cabeças pensantes que influenciam ou orientam o governador nesta crise, – comprovando viés ideológico nas decisões em detrimento da ciência – descobrir as tendências de Ronaldo Hallal é uma tarefa mais fácil.
Em entrevista para a Ulbra TV no dia 15 de julho, ele declara que “nós tivemos um cenário que antecedeu esta pandemia, que fragilizou a proteção social. Houve uma fragilidade das relações trabalhistas, né? Uma redução de direitos importante. Houve uma redução de renda. Houve uma diminuição dos recursos sociais né? As pessoas que recebiam alguma… algum tipo de renda por dificuldade de saúde começaram a perder este direito social e, no seu lugar, não foi promovido uma política que permitisse a proteção da população”.
O lockdown vai muito além do que foi executado no Rio Grande do Sul até agora no combate governamental ao coronavírus. É o confinamento máximo das pessoas com pequenas saídas permitidas para a compra de alimentos e remédios, com até mesmo uso da força para o cumprimento das medidas. Mais ou menos como viver em Cuba, só que pior.