Cacarejando para a esquerda e botando ovos para a direita, o partido segue apoiando um projeto socialista local, embora “ligado” ao Governo Federal em Brasília
O eleitor mais interessado em temas da direita em Passo Fundo via, nos últimos anos, dois caminhos possíveis na hora de depositar a confiança nas urnas: PP e DEM.
O PP, sofrendo de envelhecimento e abandono das novas formas de fazer política, além da tendência a só aparecer em época de eleição, perdeu o brilho de outros tempos; seus vereadores são nomes independentes, não “políticos do PP”. Na última eleição, seu canto do cisne foi a parceria com o PDT, colocando Susin na vaga de vice.
O DEM manteve-se na base dos últimos prefeitos: parcialmente com Dipp; de corpo e alma com Luciano Azevedo, em uma grande coligação na primeira eleição em 2012 e votos renovados (sem trocadilho) em 2016. Um pacotão pelo “bem maior” e sem nojinhos para dividir posições até com o PCdoB.
Nota oficial do Democratas Passo Fundo, em novembro de 2019: “O Democratas Passo Fundo vem, através desta, informar que mantém seu posicionamento político, com objetivo de concorrer às eleições majoritárias no pleito de 2020. A escolha para o cargo à majoritária sempre foi muito aberta e amplamente divulgada, tendo sido escolhido como pré-candidato o vereador e atual presidente municipal do partido, Patric Cavalcanti.“
Desde 2018, com a participação ativa de Onyx Lorenzoni na entourage de Jair Bolsonaro, Patric Cavalcanti começou a reforçar a marca de ligação com o Governo Federal através do Deputado, que foi para a Casa Civil e depois desceu alguns degraus até o Ministério da Cidadania. Por aqui, Patric prometeu uma heróica candidatura própria para prefeito (chegou a anunciar nomes da equipe de elaboração do plano de governo); desistiu, contudo, e resolveu assumir um cargo em Brasília; depois, colocou todo o apoio possível na chapa socialista Pedro e João Pedro, com participação ativa na campanha.
Certa feita, disse Leonel Brizola sobre o Partido dos Trabalhadores: “O PT é que nem galinha: cacareja na esquerda, mas bota ovo na direita.” O DEM passo-fundense parece trilhar o mesmo rumo, querendo ganho político com a direita bolsonarista no cenário nacional, enquanto apoia e sobrevive com sua modesta estrutura partidária ligada ao Executivo municipal, indicando nomes para diversos cargos.
O DEM fez dois vereadores nesta eleição – Nharam e Colussi – sem grandes identidades ideológicas conhecidas. Como partido ativo no Executivo, dependerá em parte do resultado da “distribuição do bolo” a ser realizada (ou sacramentada) pelo prefeito eleito Pedro Almeida. Sobre a terceira força, a militância orgânica, talvez o fator mais forte no jogo político municipal, não se tem notícia. Talvez Patric possa perguntar aos colegas socialistas do PSB ou comunistas do PCdoB sobre como fazer.