Rodinei Candeia apontou inconsistências na discussão acerca do voto impresso. Para ele, o debate está marcado ideologicamente, como se as urnas tivessem um valor em si próprio, e não um mero instrumento para se realizar o pleito eleitoral
Na Sessão Plenária desta segunda-feira (05), o vereador Rodinei Candeia (PSL) usou a tribuna para falar da discussão em curso na Câmara dos Deputados sobre o voto impresso. Há, inclusive, Comissão Especial para o Voto Auditável. Para ele, o que se criou hoje foi uma questão política que está muito além da questão administrativa. “Incrivelmente, quem está no poder quer que o voto seja verificável, enquanto quem está fora não quer”, apontou. Afirmou ainda que a questão ideológica está sobressaindo, como se as urnas tivessem um valor em si próprio, e não um mero instrumento para se realizar o pleito eleitoral.
De acordo com Candeia, o STF e o TSE têm realizado mobilização política com líderes partidários para defender esta questão – também de maneira ideológica. Lembrou ainda que, no último teste público realizado em 2017, vários grupos conseguiram hackear as urnas:
Senado Federal: TSE aponta risco de fraude, enquanto senadores falam em ‘insegurança’
Em sessão temática no Plenário realizada nesta segunda-feira (5) para debater ajustes na legislação eleitoral, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, falou aos senadores sobre o risco de fraudes e judicialização da eleição de 2022 com a volta do voto impresso. Alguns dos senadores que participaram da sessão apontaram que a aprovação da PEC 135/2019 para exigir a impressão do voto pode trazer insegurança ao processo eleitoral.
Aos senadores, Barroso reforçou que nunca foi registrada qualquer fraude nas urnas eletrônicas desde a implantação do sistema eletrônico de votação há 25 anos. Conforme o texto em discussão na Câmara, a ideia é que as cédulas poderão ser conferidas pelo eleitor e deverão ser depositadas em urnas para fins de auditoria. Mas Barroso considera que a medida representa um risco ao processo eleitoral. De acordo com o ministro:
Se o candidato a presidente da República pedir recontagem, nós vamos ter 150 milhões de votos contados manualmente, aquelas mesas apuradoras que faziam o terror da vida brasileira antes das urnas eletrônicas. Vai criar dificuldade administrativa, oferece risco para o sigilo, risco grande de fraude e risco de judicialização, porque a contagem manual vai dar diferença em relação a contagem eletrônica. Até em caixa de banco ou caixa de empresa, no final do dia, você tem que fazer uma reconciliação.
E é um paradoxo: o voto impresso seria imprimido pela mesma urna eletrônica que estaria sob suspeita. Portanto, se fraudar o eletrônico, frauda-se o impresso. De modo que nós vamos gastar R$ 2 bilhões, criar um inferno administrativo para essa licitação com um risco imenso de fraude e, pior, quebra de sigilo. Portanto, o voto impresso não é um mecanismo a mais de auditoria, ele é um risco para o processo eleitoral, porque nós abolimos o contato manual.
(Voto impresso é um risco para o processo eleitoral, diz Luís Roberto Barroso)
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a aprovação do projeto que quer implementar um “voto auditável” – com a impressão de uma cédula física após votação na urna eletrônica – e criticou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, por ser contrário à proposta:
Para lembrar: moção aprovada
A Câmara dos Deputados instalou em maio uma comissão especial para analisar um projeto que quer tornar o voto impresso obrigatório no país. De autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), a PEC 135/19 não estabelece que o voto seja feito em cédulas de papel, mas propõe que uma cédula seja impressa após a votação eletrônica.
No dia 7 de junho, na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, os parlamentares aprovaram a MOÇÃO Nº 29/2021, de autoria do gabinete da vereadora Ada Munaretto (PL), de apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que exige VOTO IMPRESSO AUDITÁVEL nas eleições, plebiscitos e referendos no Brasil.
De acordo com a justificativa da proposição, o art. 14 da Constituição Federal dispõe que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. O fundamento principal do estado Democrático de Direito é a soberania popular. Portanto, no exercício dessa soberania, não pode de forma alguma restar qualquer dúvida ao eleitor ou a qualquer parte da sociedade, sob pena de não permitirmos o exercício da soberania popular, elemento fundamental da DEMOCRACIA. A previsão vigora desde 2015, com o artigo 59-A da lei 13.165:
Art. 59-A. No processo de votação eletrônica, a urna imprimirá o registro de cada voto, que será depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado.
Parágrafo único. O processo de votação não será concluído até que o eleitor confirme a correspondência entre o teor de seu voto e o registro impresso e exibido pela urna eletrônica.
Alegando alto custo que seria gerado pela necessidade de adaptação das urnas eletrônicas de todo o país para o atendimento das novas regras de impressão dos votos, previsto em algo em torno de dois bilhões de reais, a presidente Dilma Rousseff vetou os dispositivos. Em 18 de novembro de 2015, contudo, em sessão conjunta do Congresso Nacional, o veto presidencial terminou sendo derrubado por ampla maioria, fazendo com que a regra da impressão do voto passasse a valer, a partir das eleições gerais de 2018.
Em 25 de novembro de 2015, foi publicada no Diário Oficial da União a promulgação dos novos artigos de lei pela presidente da república, em conformidade com o art. 66, § 5º da Constituição Federal de 1988. Ocorre que a Justiça Eleitoral, constituída por membros do STF, de forma autoritária e sem qualquer amparo técnico ou jurídico, vem negando ao eleitor o direito constitucionalmente adquirido. Os argumentos do STF, se baseiam principalmente no custo e na suposta violabilidade do segredo do voto. Argumentos que por si só se destroem, quando a necessidade tem origem da vontade popular e na garantia de auditar uma votação.
A justificativa finaliza com o seguinte ponto: “Um Estado denominado DEMOCRÁTICO, tem o dever de garantir a soberania popular, de outra forma negar a impressão dos votos só deve interessar a quem pretende esconder ou dissimular ou ainda fraudar uma eleição. Assim sendo, esta vereadora apoia incondicionalmente o VOTO IMPRESSO AUDITÁVEL, em 100% das urnas de eleições, plebiscitos e referendos no Brasil, pois acredita ser isso prerrogativa para a verdadeira democracia.”
Resultado da votação
Na discussão da proposição, houve um bate-boca entre os vereadores Rodinei e Eva Lorenzatto. Enquanto Rodinei pontuou que ”já foi comprovado que as urnas eletrônicas não são seguras”, Eva disse que não havia uma única prova de fraude eleitoral.
O segundo turno das eleições brasileiras foi motivo de festa para tucanos e petistas, mais próximos do que nunca
Já podemos apelidar de domingo vermelho o segundo turno das eleições para os gaúchos que serão governados de Brasília por Lula e de Porto Alegre por Eduardo Leite. Para Lula, um retorno triunfal “da cadeia para o Palácio” enquanto Leite faz a volta dos que não foram, oriundo de uma renúncia que – palavras dele – não quer dizer reeleição.
Com 99,99% das urnas apuradas, Lula tinha ao final da noite 50,90% dos votos válidos, contra 49,10% de Bolsonaro (60.340.930 contra 58.203.420). Os estados do Norte e Nordeste preferiram na maioria Lula.
O bolsonarismo apostou pesado nos benefícios financeiros pós-pandemia, pauta de costumes e lembretes permanentes da condição de ex-presidiário e ladrão do oponente, que se defendeu (quando quis) com a pauta pandemia, pobreza, fome e até armas, questão fortalecida sempre que algum evento na área acontecia do outro lado.
O caso Onyx Lorenzoni foi, de certa forma, surpreendente. Um homem que passou boa parte da carreira política batendo no PT com maestria e escreveu livros sobre o que chamou de “Máfia da Estrela”, quando teve a chance de chegar ao poder mostrou um desempenho pífio nos debates, virou meme e viu seu potencial político despencar a cada duelo. Não foi o fantasma do Caixa 2, foi a escolha incorreta de uma persona que pensou bastar ser o homem de Bolsonaro no Rio Grande e desprezar o oponente com todas as forças.
Tucanos e petistas, mais próximos do que nunca
Imagina contar para alguém da direita em 2014 que Lula seria candidato em 2022 com Alckmin de vice (via PSB) e apoio do FHC? Esta pessoa seria motivo de piada. Este frentão da esquerda ajudou e endossou Lula, deixando a divertida e hercúlea tarefa da desvinculação a qualquer custo para os políticos que ainda fazem parte destas siglas e tentam dialogar com o eleitor pela via – muita licença poética aqui – da direita.
FHC deveria pedir voto para Bolsonaro? Não. Mas o silêncio também é uma escolha.
Acima: recorte das postagens do Portal Uai e do Brasil de Fato: FHC gravou vídeo pedindo voto para Lula no segundo turno. Para melhorar a vida das pessoas (sim, você já ouviu isso em algum lugar).
Os números em Passo Fundo
Não deu Lule em Passo Fundo. Abaixo, os números para governador e presidente no primeiro e segundo turno das eleições de 2022, printados para você não perder tempo nos links do Resultados TSE:
Acima: Primeiro e segundo turno para governador. Leite virou tirando mais de 30 mil votos do saldo entre os derrotados no primeiro turno, especialmente petistas. Onyx levou Heinze e algo mais.
Bolsonaro ganhou nos dois turnos em Passo Fundo. Com 58 mil no primeiro e 66 mil no segundo, abocanhou uma parte bem maior do saldo, já que Lula foi de 49 mil para 51 mil.
O petismo em Passo Fundo não é desprezível
Os estrategistas políticos de Passo Fundo vão debruçar os braços sobre esta quantidade considerável de votos petistas na cidade. Petistas vão acordar da ressaca do domingo vermelho e olhar com carinho – quem sabe – para a companheira Eva Lorenzato, sonhando com 2024. Já o Bolsonarismo local vai ganhar um Lula para ser xingado durante mais 4 anos, motivo de afinação das retóricas de tribuna de Rodinei Candeia e Ada Munaretto, entre outros.
Novo documento do PT revela 13 propostas para inclusão digital e temas tecnológicos caso vença as eleições
Propostas de candidatos geralmente são publicadas com frases genéricas em assuntos mais complexos, como uma Miss dizendo que quer a paz mundial, sem explicar como vamos chegar lá. O PT está fazendo isso com a internet e suas complicações.
No documento “13 propostas de Lula para Transformação Digital com Inclusão Social”, o partido descreve ações para diversos tópicos. São eles
Inclusão Digital e Internet para Todos.
Capacitação Digital (Letramento Digital), Formação do Profissional do Futuro.
Primeiro Emprego em Tecnologias Digitais.
Serviços Públicos Digitais de Qualidade e Acessíveis a Todos.
Industrialização e Empreendedorismo Digital.
Cidades Inteligentes, Inclusivas e Sustentáveis.
Compras Governamentais Para Alavancar Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação e Comunicação.
Empresas Públicas de Tecnologias de Informação Fortalecidas.
Inovação com Base em Tecnologias Abertas, Dados Abertos e Software Livre.
Proteção de Dados de Cidadãos e Empresas Brasileiras Contra Fraudes, Roubos e Transferência Internacional Não Autorizada.
Defesa Cibernética.
Inteligência Artificial com Ética e Transparência.
O olhar socialista sobre o a Tecnologia da Informação segue o roteiro do software livre escolhido por razões muitas vezes puramente ideológicas e certa aversão ao uso livre de soluções, indo contra o que o mercado quer, usa ou precisa. Quem não lembra da época dos computadores Positivo obrigatoriamente com Linux nas escolas brasileiras? As crianças reclamavam muito.
Em tom nacionalista, o partido acredita em altíssima estatização das soluções de TI para proteção de cidadãos e empresas, com provedores públicos, além do dito fomento de soluções de hardware e software. Há também a promessa de fortalecimento das estatais de telecom. A política para a Inteligência Artificial quer tornar o país independente dos interesses das empresas estrangeiras, vejam só.
Lula, que não sabe nem dar o próprio arroba do Instagram em uma live, deve estar recebendo auxílio de assessores e apoiadores com envolvimento em TI, saudosos dos tempos petistas. Em caso de vitória socialista, corra para reservar seu nome de usuário “ponto gov”. Só não esqueça de ler os termos do serviço.
Patussi e Wesp foram os mais votados, mas com gastos eleitorais bem diferentes nas eleições de 2022
A eleição de 2022 foi amarga para os candidatos “de Passo Fundo”. Sem vitórias, conseguiram algumas suplências e voltaram para os comitês de mãos vazias, com boa parte dedicando este período “entre turnos” para apoiar Leite, Onyx, Bolsonaro ou Lula.
As campanhas para deputado estadual dos candidatos passo-fundenses arrecadaram de pessoas físicas ou receberam do fundão e partidos valores entre R$ 42 mil (Claudio Doro, PSC) e R$ 349 mil (Mateus Wesp, PSDB). Ao dividir o total efetivamente gasto nas campanhas pelo número de votos obtidos, obtemos o “custo por voto”, ou quanto dinheiro o candidato precisou gastar para ganhar um único eleitor.
É preciso conferir o gasto efetivo, pois alguns candidatos acabam por devolver dinheiro sem usar todo o valor arrecadado.
Concentramos a análise nos candidatos ditos “de Passo Fundo” que fizeram mais de dez mil votos nas eleições para deputado estadual, com campanhas mais estruturadas. Optamos por unir recursos estimáveis – quando um candidato recebe um serviço ou cedência de algo e contabiliza como dinheiro – e valores monetários declarados para o TSE no total recebido.
Estaduais e o contraste no topo
Os candidatos Marcio Patussi e Mateus Wesp foram os mais votados, com um resultado muito próximo: 23.185 para o primeiro e 21.054 para o segundo. Na afinidade com o eleitorado passo-fundense aparece a primeira grande diferença, com Patussi obtendo 11.901 na cidade (51,33%) e Wesp 7.482 (35,5%). O ex-brizolista e recém liberal venceu o tucano duas vezes.
Quando se fala em dinheiro gasto para fazer campanha eleitoral, a distância entre Wesp e Patussi é gigantesca. Wesp arrecadou quase R$ 350 mil (com gasto de R$ 345 mil), enquanto Patussi atingiu R$ 262 mil na arrecadação (gastando R$ 52 mil). Essa diferença fica bem destacada no cálculo do “custo por voto”, com R$ 16,41 para Wesp e R$ 2,27 para Patussi.
Em tempo: Wesp recebeu R$ 240 mil do Fundão e Patussi R$ 100 mil do Fundo Partidário – mais R$ 85 mil do Fundão, via doação de Giovani Cherini.
Os federais
A Lócus já deu destaque ao arrecadado pelos candidatos a deputado federal “por Passo Fundo” ainda no mês de setembro. A eleição foi finalizada com valores bem superiores em relação ao levantamento, especialmente pela arrecadação do candidato Luciano Azevedo, de R$ 896 mil para R$ 1,4 milhão.
Badaco foi o candidato com o voto mais caro entre os federais. Foram incríveis R$ 75,65 por cada voto, em uma campanha que gastou R$ 102 mil para receber 1.361 votos. Todo esse dinheiro veio através do Fundão.
Acima: os candidatos a deputado federal de Passo Fundo, as arrecadações, as sobras de campanha e o gasto efetivo. Após votação, o custo por voto: Badaco (Avante) R$ 75,65, Lu Borowsky (União Brasil) R$ 63,67, Cesar (PDT) R$ 62,73, Claudete Neves (PSDB) R$ 52,66, Luciano Azevedo (PSD) R$ 18,64, Jose Monteiro (PSC) R$ 17,65, Ada Munaretto(PL) R$ 5,87, Israel Kujawa (PT) R$ 2,95, Vivi da Saúde (PP) R$ 2,82 e Ingra (PSOL) R$ 1,17. A candidata do PSOL, se comparada aos outros abaixo de 10 mil votos, saiu uma pechincha.
Campanha eleitoral é algo muito complexo para os cargos de deputado, uma aventura que exige contatos em diversas cidades do estado. Ainda que muitos abusem do marketing “sou daqui”, é praticamente impossível vencer só com os votos da cidade; além disso, o trabalho exige muita viagem, visitas e acordos com líderes em diversas regiões. A bandeirinha da esquina e o post nas redes sociais são apenas a superfície desta estrutura. Infelizmente, poucos são os capazes para realmente disputarem uma eleição, outros parecem atuar apenas como cabo eleitoral de luxo de outros candidatos ou da legenda do partido, torrando dinheiro – muitas vezes público – para fazer votos por tabela.
Dados
Os números aqui exibidos foram retirados dos sites DivulgaCand e Resultados das Eleições 2022 (Divulga), que por sua vez foram fornecidos pelos candidatos para a Justiça Eleitoral, que julgará cada uma delas. Na lista abaixo, o extrato das prestações de contas dos candidatos ao final desta edição: