Com a total anuência da Câmara de Vereadores, nossa prefeitura firmou compromisso com entidade espanhola comandada por ativista de esquerda
Passo Fundo, desde abril deste ano, faz parte da AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras, uma entidade com sede na Espanha e que dita princípios na área da educação, aceitando entre seus sócios municipalidades que assinem o compromisso de seguir uma “cartilha” com 20 regras.
Segundo o site:
Fundada em 1994, a Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE) é uma Associação sem fins lucrativos constituída como uma estrutura permanente de colaboração entre governos locais que se comprometem a reger-se pelos princípios inscritos na Carta das Cidades Educadoras. Qualquer governo local que aceite este compromisso pode converter-se em membro ativo da Associação, independentemente das suas competências administrativas. No início do ano 2020, o seu número de membros ascendia a mais de 500 cidades de 36 países distribuídos por todos os continentes.
A Carta de Princípios da AICE em si é uma mistura de ideias de outros documentos já consagrados. Ela é baseada: na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); no Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966); na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989); na Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990); na 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher celebrada em Pequim (1995); na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001); na Carta Mundial pela Direito à Cidade (2005); na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006); no Acordo de Paris sobre o Clima (2015) e na Agenda 2030 sobre o Desenvolvimento Sustentável (2015).
A iniciativa da participação da nossa cidade nesta associação veio do Executivo, que mandou Projeto de Lei para a Câmara. O texto passou sem problemas pela Casa e foi aprovadíssimo por todos os vereadores e comissões. A adesão foi sacramentada então pela Lei 5.540/2021. Veja aqui a tramitação.
“Na Cidade Educadora, a educação transcende as paredes da escola para impregnar toda a cidade. Uma educação para a cidadania, na qual todas as administrações assumem a sua responsabilidade na educação e na transformação da cidade num espaço de respeito pela vida e pela diversidade.”
Estas e outras afirmações fazem parte da Carta de Princípios, um emaranhado de questões subjetivas que regem quase todos os aspectos da vida humana e vão além da educação escolar como conhecemos. São regras para o tutoramento de toda a população, através de ações governamentais. Vejamos o destaque para Princípio 3, Diversidade e Não Discriminação:
A cidade promoverá a educação na diversidade para a compreensão, cooperação solidária internacional, reconhecimento e respeito pelos povos indígenas e outros grupos étnicos objeto de discriminação, bem como a paz no mundo. Uma educação que combata qualquer forma de discriminação. Promoverá a liberdade de expressão e religião, a diversidade cultural, o diálogo e a escuta ativa em condições de igualdade. Acolherá todas as iniciativas consistentes com estes objetivos, independentemente da sua origem. Ajudará a corrigir desigualdades decorrentes da classe social, origem, etnia, gênero, idade, orientação sexual, diversidade funcional ou qualquer outra. Ao mesmo tempo, promoverá a valorização, o conhecimento, a aprendizagem e o uso das línguas presentes na cidade como elemento integrador e fator de coesão entre as pessoas.
Já no Princípio 17 – Inclusão e Coesão Social – a porteira estará aberta para quem quiser passar:
As cidades devem desenvolver políticas preventivas contra os diversos mecanismos de violação de direitos, exclusão e marginalização. Devem dedicar uma atenção especial aos recém-chegados, migrantes ou refugiados, que têm o direito, para além da mobilidade entre países, de sentir livremente a cidade a que chegam como sua e que os seus interesses e necessidades específicos sejam valorizados, bem como os seus conhecimentos e as competências necessários para representarem um papel socialmente apreciado. Devem empenhar-se na promoção da coesão social entre os bairros e os seus habitantes de todas as condições. Por outro lado, e com o mesmo propósito, trabalharão com grupos autóctones estigmatizados e marginalizados. A Cidade Educadora comprometer-se-á a erradicar todas as formas de violência e assédio, dedicando uma atenção especial à violência de género ou com base na identidade e orientação sexual, origem e etnia, idade, aparência física, etc.
Card da Prefeitura de Passo Fundo no Facebook em abril, quando ainda não era associada da “Cidades Educadoras”.
Por trás de grande parte deste esforço para a adesão de Passo Fundo e outras cidades da região ao projeto da AICE, está a UPF. Orgulhosa do trabalho, a Universidade de Passo Fundo destacou suas ações ainda em 2019. Confira em Região Norte do RS constrói rede de cidades educadoras e inteligentes. O negócio é uma união dos pensadores da UPF com os gestores da pasta educação no município. Façam as contas.
As cidades que adotam a parceria mostram algo em comum: as leis que regularizam a associação possuem trechos similares, como é o caso em Carazinho, onde o artigo terceiro de seu texto é quase o mesmo da Lei passo-fundense: “O Município de Passo Fundo poderá filiar-se à Associação Internacional das Cidades Educadoras, instituir e manter políticas de intercâmbio nacional e internacional, colaborar em políticas, programas e projetos, compor conselhos, comitês e diretorias, participar do Banco Internacional de Documentos, informando programas e projetos desenvolvidos em âmbito local, entre outras atividades ligadas aos objetivos da Carta das Cidades Educadoras”. Até parece que um dos primeiros compromissos da AICE é o de educar a elaboração de leis em suas associadas. Veja aqui a documentação sobre a parceria de Carazinho, muito mais completa que a de Passo Fundo no detalhamento do processo.
Quem comanda e quem já comandou a AICE
A AICE já foi presidida por Ada Colau Ballano, prefeita de Barcelona e ativista internacional de esquerda. Quer uma amostra? Em 2020, na cerimônia de oficialização da candidatura da comunista Manuela d’Ávila para a Prefeitura de Porto Alegre, Ballano mandou vídeo para registrar o seu apoio: “Manuela é, para nós, fonte de inspiração, além de uma amiga muito querida. Necessitamos que Manuela seja a próxima prefeita porque precisamos de cidades irmãs com redes de amor e solidariedade, para defender a saúde e a educação pública, nossas crianças e seu futuro. Porque este é o momento em que o amor deve vencer o ódio”. Confira, aqui. Ela também já palpitou sobre Marielle Franco e Bolsonaro.
Um grande discurso de Ada Colau (em espanhol) em evento online por conta dos 30 anos da AICE, em 2020.
O organograma da entidade não é algo muito claro no site da AICE. Uma busca pelo nome “Ada Colau” não retorna documentos, apenas na versão espanhola como participante em alguns eventos. Em outros compromissos, já aparece o nome de Maria Truñó.
Não precisa de legenda. Confira aqui o Instagram de Colau.
O compromisso de uma cidade com entidades internacionais globalistas é coisa séria. Enquanto o público-alvo neste caso (profissionais de educação estatal) celebra o acordo como a melhor coisa do mundo, por trás pode estar algo com pouco significado na prática, dando outros nomes para ações já previstas no ordenamento jurídico brasileiro ou matéria-prima para parágrafos que começam sempre com CONSIDERANDO em devaneios legais de vereadores emocionados. Como saldo, apenas marketing para agentes políticos e divulgação de agendas globalistas.
E falando em vereadores, fica a curiosidade: qual a opinião dos nossos sobre os princípios da AICE? Pelo menos foi lido ou só votaram? A pergunta é retórica.