Passo Fundo

Jornal O Globo mentiu sobre estátua de Bolsonaro em Passo Fundo

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Exemplo de péssimo jornalismo ajudou a criar uma fakenews que se espalhou por diversos sites da imprensa brasileira

O Brasil inteiro sabe que, na distante Passo Fundo, foi construída uma estátua do presidente Bolsonaro, “inaugurada” durante as manifestações do último 7 de Setembro. Motivo de orgulho, deboche e muita polêmica, terminadas as atividades, a obra de arte foi guardada na oficina do seu criador. Fim da história? Não.

O pátio onde está a obra é vizinho de oficinas mecânicas e de prestadores de serviço para caminhoneiros e público em geral, nas proximidades da BR 285, no bairro Valinhos. Então alguém viu a peça, imediatamente fez a foto e espalhou de alguma forma na internet. Nasce o factóide: a estátua está abandonada no lixo, no ferro-velho. Ou pior, no pátio do Detran!

O que deveria ser apenas mais uma imagem “encaminhada frequentemente” em grupos de WhatsApp virou fofoca na boca de vereador petista em Porto Alegre e depois “notícia” em um dos maiores jornais do país, O Globo.

Leonel Radde, vereador petista de Porto Alegre, espalhou a imagem. A postagem viralizou e foi parar na “grande mídia”. Radde se declara nas redes sociais como “Policial Civil Antifascista, Budista, Aikidoka e vegetariano”.

E, se “deu” no O Globo, rapidamente outros sites começam a copiar o conteúdo, muitos (como no original) sem qualquer checagem. A versão global virou “Estátua em homenagem ao presidente Bolsonaro aparece jogada em chão de depósito do Detran de Passo Fundo.”.

A fakenews dá cria

Do vereador para o Globo, e do Globo para outros canais, foi questão de horas. Abaixo, destaques em uma busca simples no Google:

 

 

A verdade é simples

 

A entrada da oficina do artesão Jorge Grigolo e seu Transformer.

A oficina e o local que foi fotografado e foi parar na internet.

A estátua, deitada, por um motivo simples: de pé, ocupa um amplo espaço, além de da necessidade de suporte e apoio de um veículo para segurança.

O detalhe da polêmica estátua, vítima de fakenews.

 

Acima: Grigolo (centro) e apoiadores ainda em julho, com a estátua sem pintura, sustentada por guindaste. O local é o mesmo da foto espalhada na internet.

 

Depois do 7 de Setembro, a estátua voltou para a oficina e de lá nunca mais saiu.

Jorge Grigolo – o autor da obra – é mecânico e tem por hobby fazer esculturas com peças metálicas e sucatas. A entrada de sua oficina é guardada por uma de suas artes, o Transformer (que também é nome da humilde oficina). Grigolo é um homem do povo, apoiador de Bolsonaro. Sua vontade de realizar algo para homenagear o presidente encontrou eco em um grupo de apoiadores locais, trabalhadores em geral, aposentados, empresários e profissionais liberais.

Do encontro, surgiu a possibilidade de “inauguração” da obra ainda inacabada nas comemorações do dia 7 de Setembro. O acontecimento foi comentado na Lócus (confira, aqui). A cabeça da estátua foi construída em uma empresa do ramo metal-mecânico com requintes técnicos, para ficar semelhante ao presidente.

Sem apuro jornalístico, a oficina virou Pátio do Detran e a mentira virou verdade, pelas mãos de um dos maiores grupos jornalísticos do país e do mundo.

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