Adepto do discurso “longe das benesses do poder”, o ex-governador continua se beneficiando da máquina pública
Pré-candidato ao governo do estado desde o dia 13 de junho, Eduardo Leite já fez muita ginástica retórica para bradar que não usa as benesses do poder e que se afastou do governo para poder concorrer sem vantagens aparentes. Mesmo assim, o ex-governador parece que saiu do Piratini, mas o Piratini não saiu dele.
Leite aparece em postagem do Governo RS referente a obra pública…
…mas ele mesmo já tinha adiantado a divulgação na própria página, horas antes – Leite na cadeia.
Leite apareceu nesta terça em uma postagem oficial do Governo RS, sobre a ordem de início das obras na Cadeia Pública de Porto Alegre, antigo Presídio Central. As fotos foram publicadas no Facebook às 17h15, bem depois do destaque dado pelo próprio Leite na mesma rede, só que às 14h13. No dia anterior, apesar de não aparecer em postagens do governo, lá estava o pré-candidato na inauguração do Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp). E vamos poupar o leitor dos aproveitamentos anteriores ao dia 13 de junho, para não deixar o artigo longo demais.
Vamos relembrar as palavras do próprio Eduardo (já comentadas aqui), sobre a forma de disputar esta eleição e sua peculiar definição de reeleição, tantas vezes renegada: “Foi também a renúncia que me deixou mais confortável para disputar um novo mandato. Fora do cargo, fora do poder e sem contaminar a máquina pública. Podemos ser um candidato a governador e não um governador candidato. O Brasil deu exemplos de que a reeleição no cargo muitas vezes não é um bom caminho, e tá aí o mensalão em uma oportunidade, o orçamento secreto em outra, que estão aí para provar. Mas o Rio Grande, mais uma vez, à exemplo de que é legítimo, é possível, benéfico, separar o governo e a eleição. O governador e o candidato. Sem usar instrumentos do poder para conquistar votos ou para conquistar alianças e apoios“. Agarrado na na máquina pública e de foto em foto, o ex-governador vai se beneficiando do prestígio emprestado pela entourage tucana que hoje comanda o Piratini. Tal qual outros políticos de outros governos e outros tons de esquerda e direita mas que, por incrível que pareça, não negavam a navegação nesta área cinza de nossas leis eleitorais.