Candidato a deputado pelo PSOL usou o próprio nome de urna para militar contra o presidente. Registro também revela falha grave do TSE
O candidado a deputado estadual pelo PSOL Christopher Borges Veleda, natural de Pelotas, RS, usou o próprio nome de urna para lutar contra o presidente Bolsonaro. Quem teclar seu número, verá a sua foto e o nome CHRIS COL BOLSONARO NUNCA MAIS.
Nome de urna é o “nome artístico” dos políticos que aparece na hora da votação. Segundo as regras, não é qualquer texto que pode ser registrado no sistema. A Resolução 23609/2019 diz em seu artigo 25:
O nome para constar da urna eletrônica terá no máximo 30 (trinta) caracteres, incluindo-se o espaço entre os nomes, podendo ser o prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual a candidata ou o candidato é mais conhecida(o), desde que não se estabeleça dúvida quanto a sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente.
§ 1º Não será permitido, na composição do nome a ser inserido na urna eletrônica, o uso de expressão ou de siglas pertencentes a qualquer órgão da administração pública federal, estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta. (Renumerado pela Resolução nº 23.675/2021)
§ 2º No caso de candidaturas promovidas coletivamente, a candidata ou o candidato poderá, na composição de seu nome para a urna, apor ao nome pelo qual se identifica individualmente a designação do grupo ou coletivo social que apoia sua candidatura, respeitado o limite máximo de caracteres. (Incluído pela Resolução nº 23.675/2021)
§ 3º É vedado o registro de nome de urna contendo apenas a designação do respectivo grupo ou coletivo social. (Incluído pela Resolução nº 23.675/2021)
§ 4º Não constitui dúvida quanto à identidade da candidata ou do candidato a menção feita, em seu nome para urna, a projeto coletivo de que faça parte. (Incluído pela Resolução nº 23.675/2021).
A candidatura ainda aguarda a aprovação do registro. Os dados estão disponibilizados no site DivulgaCand.
Nas redes sociais
Veleda informou ao TSE uma conta no Instagram chamada @chriscolbolsonaronuncamais, ainda sem postagens e com um seguidor. O usuário segue apenas duas contas, sendo uma delas a verdadeira persona do candidato a deputado, conhecido como DJ.
No Facebook, Veleda é bem simpático ao PT e Lula:
Confusão no TSE
O nome de Veleda, por incrível que pareça, está registrado em duas candidaturas para as eleições de 2022: uma para deputado estadual e outra para deputado federal. Um erro inaceitável para um sistema eleitoral a prova de qualquer falha. Os links para os registros são https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2022/2040602022/RS/210001604747 para estadual e https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2022/2040602022/RS/210001596913 para federal. Arquivamos os dois registros em https://archive.ph/L07Gh e https://archive.ph/dphzz.
Até os sistemas de informática mais rudimentares do mundo são dotados de dispositivos que evitam a redundância de registros. No sistema que controla os candidatos brasileiros, parece que os desenvolvedores perderam essa aula. Segundo os documentos que acompanham o registro, a candidatura a deputado estadual foi requerida no dia 3 de agosto e a de deputado federal em 27 de julho.
No dia 5 de agosto, foi juntada uma petição de renúncia, informando que sua candidatura foi alterada para deputado estadual, mas os dois registros continuaram disponíveis ao público no site DivulgaCand.
O “Col” do nome vem de “Coletivo Bolsonaro Nunca Mais”. Isso gera um loop ético no registro: se atende a norma em uso de nome de grupo, fere quanto a regra pede que o nome “não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente”.
Resta saber se o TSE aceitará a candidatura com um nome de urna desse gabarito.