Abundância de propaganda política nas ruas não é, nem nunca será sinônimo de bom candidato a qualquer cargo político
As principais ruas de Passo Fundo parecem um mar com milhares de pequenos barcos com velas cheias de caras, bocas e números. Com o advento do wind banner nas campanhas eleitorais, os candidatos padronizaram essa forma gráfica de pedido de votos ao eleitor, diminuindo o uso de cabos eleitorais.
As eleições de 2022 oferecem ao eleitor gaúcho nada mais nada menos do que 10 candidatos ao governo do estado, 9 para o Senado, 546 deputados federais e 830 estaduais, além dos (sejamos razoáveis) dois que disputam com mais chance a presidência. Mesmo assim, poucos são os nomes que habitam nossas esquinas em forma de tecido.
Se pegarmos como referência o Mercado Livre, um wind banner completo custa cerca de R$ 250,00 ou R$ 80,00 apenas o tecido com a arte impressa, o que nos leva ao ponto mais importante e óbvio: candidato que tem dinheiro, enche as ruas de bandeiras. Quem não tem, melhor procurar outra forma de comunicação.
Em uma importante fatia do eleitorado há uma falsa percepção do poder político e chances de ganhar quando um nome está presente em todas as ruas, adesivado em centenas de veículos e cheio de plaquinhas em residências. Isso pode induzir ao voto útil, fazendo a vontade de um colégio eleitoral à brasileira, onde cúpulas partidárias escolhem os destinatários dos recursos para a compra deste poder visual.
Duas coisas são de graça (ou quase) no processo eleitoral: para o candidato, boa apresentação na internet. Para o eleitor, gastar algumas horas pesquisando nomes no DivulgaCand, o site mais importante nesta eleição. Lá podemos ver quem usa dinheiro do famigerado Fundão, quem são os doadores e onde está sendo gasto o seu dinheiro suado dos impostos nessa campanha.
Não se deixe enganar
Um campeão neste mar de wind banners até poderá ser uma boa opção no Legislativo, mas uma leva de bons candidatos sem recursos está aí oferecendo os préstimos neste pleito. É só pesquisar. Não terceirize suas opções enchendo de mensagens a caixa postal dos amigos que “entendem de política” pedindo em quem votar. Faça o trabalho de casa e fique feliz com o resultado, ou assuma o prejuízo das escolhas ruins.