Fala do vereador Rodinei Candeia (Republicanos) resumiu a Audiência Pública para avaliar o Projeto de Lei que pretende dar milhões para empresas de ônibus em Passo Fundo
Na noite do último dia 17 de novembro, a Câmara de Vereadores de Passo Fundo realizou audiência pública para tratar do PL 107/2022. De autoria do Executivo, o projeto quer dar dinheiro para as empresas de ônibus CODEPAS e COLEURB, como já explicamos aqui na Lócus.
Passadas as apresentações e inscrições de praxe, foi dada a palavra para Adolfo Freitas, Procurador Geral do Município. Por “orientação do prefeito”, o advogado usou seu tempo para defender apaixonadamente o projeto, ampliado para o que seria uma ajuda ao sistema de transporte público, permitindo a prestação de um serviço de qualidade.
Além dos vereadores e do procurador, o único inscrito para falar na audiência foi o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Coletivo Urbano e também motorista da COLEURB, Miguel dos Santos. Obviamente, o sindicalista defendeu o subsídio pedindo “sensibilidade” aos vereadores, temendo desemprego se a empresa não receber o dinheiro.
Então, vieram os vereadores. Dos 21, apenas 6 se pronunciaram na tribuna, além da proponente da audiência, a vereadora Regina (PDT). Sargento Trindade (PDT),Nharam (UB),Luizinho Valendorf (PSDB) e Gio Krug (PSD) foram abertamente favoráveis ao subsídio, enquanto Tchêquinho (PSD) e Rodinei Candeia (Republicanos) discursaram contra o projeto. Candeia finalizou a fala dizendo que o subsídio era um verdadeiro saque ao dinheiro público.
A maioria dos vereadores reclamou do pouco público na audiência. “Reclamam nas redes sociais e depois não comparecem” era o tom do lamento.
Volta o Procurador Geral
Adolfo Freitas voltou no final para esclarecer pontos coletados nas falas dos vereadores, sempre defendendo o subsídio. Algumas afirmações nas duas participações do procurador foram curiosas e merecem pesquisa, como a identificação no Rio Grande do Sul de mais de 25 cidades do porte de Passo Fundo (12ª e última no grupo de cidades com mais de 200 mil habitantes e o 25º lugar fica com Sapiranga, cidade com 80 mil habitantes, menos da metade de Passo Fundo), o apontamento de ciclovias, caminhódros e bicicletas gratuitas para a população como fatores que retiraram passageiros dos ônibus e que o município não consegue fiscalizar o transporte clandestino.
Os 48 minutos de Audiência Pública foram um desfile de homenagens para a empresa Coleurb por parte dos defensores do subsídio, lembranças sobre a dificuldade de se manter a empresa e seu papel fundamental até para a saúde pública. Se depender de alguns, as empresas de ônibus de Passo Fundo serão sustentadas até o fim dos tempos, com ou sem pandemia – fator que parece ser na realidade apenas a pá de cal em um sistema que está obsoleto. Vale lembrar ainda que, na noite do dia 17, o liberalismo econômico só foi visto nos discursos – cada um a seu modo – de Candeia e Tchêquinho. Ao que parece, mais gente andou dizendo na campanha que era conservador nos costumes e liberal na economia. Agora é esperar a votação final do saque para confirmar quem é quem.
Bônus – destaques em falas dos vereadores sobre o subsídio
“Eu acho ainda, que podemos discutir muitas questões. Uma delas, que eu já levantei aqui, a questão dos cortejos fúnebres que a empresa Coleurb fazia algum tempo atrás”
Luizinho Valendorf.
“Cada centavo é válido. Cada centavo perdido é válido”.
“O aplicativo veio pós-pandemia”
“É diferente de uma empresa privada, porque a função dessa empresa é a de um serviço público privado”.