Se existe algo na qual a sociedade deposita muita esperança, e que, de maneira recorrente, é tema de debates e, sobretudo, campanhas eleitorais, esse assunto é a educação. De maneira geral, isso é perceptível, o sistema educacional não está dando respostas convincentes, e vez por outra, de modo mais ou menos intensa, algumas polêmicas surgem para induzir a reflexões sobre a educação.
A polêmica da vez, em âmbito regional, recai sobre projetos apresentados na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a saber, o PL 44/2016 e o PL 190/2015, além da habitual desvalorização dos professores, agravadas pelo parcelamento salarial promovido pelo governo gaúcho. Como forma de protesto, a classe dos professores decretou greve ainda no mês de maio, tendo recebido, em seguida, o apoio de estudantes que, inspirados num movimento iniciado no estado de São Paulo, passaram a ocupar diversas escolas em todo o estado do Rio Grande do Sul. Afinal, que projetos são esses? Quais grupos ocuparam as escolas e quais suas verdadeiras reivindicações face àquilo que foi apresentado na Assembleia gaúcha?
O Projeto de Lei 44/2016, de autoria do governo do estado, tem como objetivo “a qualificação de entidades como organizações sociais”, buscando a regulamentação destas e a possibilidade de parceria entre tais organizações e o governo estadual, visando atender demandas nas áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, gestão, proteção e preservação do meio ambiente, ação social, esporte, saúde e cultura. Na prática, significa qualificar organizações privadas para a atuação de finalidade social, abrindo-se a possibilidade de firmar contratos de gestão entre o Poder Público e as entidades para fomentar as áreas acima referidas. O presente projeto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para avaliação parlamentar acerca de sua constitucionalidade.
Maiores informações acerca do PL 44 podem ser encontradas neste link: CLIQUE AQUI
Já o Projeto de Lei 190/2015, de autoria do deputado estadual Marcel Van Hattem, visa a instituição do “Programa Escola sem Partido”, a fim de que sejam obedecidos, segundo o autor da proposta, alguns princípios, como a neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado; o pluralismo de ideia no ambiente escolar; o direito dos pais de terem seus filhos educados moralmente conforme a convicção dos mesmos, dentre outros. A justificativa do deputado para a apresentação do projeto se baseia, segundo ele, no fato de que “a doutrinação ideológica ou político-partidária no ambiente escolar tem sido noticiada e denunciada em diversas instâncias, com efeito. Em muitos dos casos reportados, professores tem se valido de sua posição de autoridade dentro de sala de aula para impor aos alunos suas visões particulares quanto a assuntos políticos e ideológicos”. No presente caso o projeto também está para emissão de parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa.
Maiores informações acerca do PL 190 podem ser encontradas nesse link: CLIQUE AQUI
Segundo aqueles que são contra os projetos acima apresentados, tais ideias representam um retrocesso à educação. No caso do PL 44/2016, o argumento utilizado é de que “o interesse do Governo é não governar, não gerir os recursos financeiros e de pessoal em busca da qualidade dos serviços, mas de somente terceirizar o seu papel e para o qual foi eleito”. No que se refere ao PL 190/2015, quando da sua apresentação, ainda em 2015, foi considerado pelo CPERS como uma “lei da mordaça”, ou seja, a censura ao direito de livre expressão do professor em sala de aula. Diante desta insatisfação surge o movimento de ocupação em escolas, encabeçados por estudantes da rede pública estadual.
A opinião é proveniente do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (CPERS), que pode ser acessada AQUI e AQUI
Compreender essa sistemática, tanto dos projetos, quanto das manifestações que surgiram em decorrência dos mesmos, torna-se necessário na medida em que há um amplo debate na sociedade. Para compreender melhor sobre os projetos de lei ora referidos sugiro a leitura do artigo do professor César Augusto Cavazzola Junior; a polêmica das ocupações será tratada nos próximos materiais da Vero.
Críticas à PMG de Passo Fundo acaba em discussão na Câmara. Petismo ataca novamente
Na Sessão Plenária do dia 18 de maio de 2022, Regina dos Santos (PDT) discutir recente projeto de autoria do Poder Executivo Municipal sobre a alteração do plano de carreira dos professores municipais.
Aproveitando a deixa, o petista Nicolau Neri Grando (PT) tira o foco do tema para tecer críticas à Procuradoria Geral do Município. De acordo com o parlamentar, os processos que passam pelas mãos da Procuradoria acabam atrasando o andamento: É um atraso em todos os processos que passam pela PGM”.
Wilson Lill (PSB), em seguida, manifestou o equívoco na fala de Gomes, pois apontou que em todos os processos a Procuradoria avalia o melhor caminho e busca encontrar soluções. Para ele, não é um debate de minutos, mas uma construção de diálogo que muitas vezes demandam meses de debates e alterações.
Nharam (União Brasil) pontuou: “A PGM não é um time invasor de terras lá do MST”. Janaína Portella (MDB), que em outra oportunidade já fez parte da PGM, disse que a análise segura dos pareceres jurídicos emitidos pela Procuradoria são imprescindíveis para a tomada de decisão dos gestores públicos. Nharam segue: “O senhor me envergonha com essas colocações. Acha que está falando do STF?!?”
Permitindo aparte, Gomes manifestou a intenção da sua fala referente à PGM:
Fake News se tornou um verbete comum no cenário político desde que Donald Trump o proferiu em alto em bom som, bem na cara da imprensa norte-americana. De lá para cá, como tudo que o ex-presidente americano faz ganha repercussão, esse ponto não ficaria para trás. Fake News são informações falsas com a intenção de enganar. Não é um engano culposo, mas doloso. Há intenção de enganar o público, apenas para marcar a narrativa.
Quando nos deparamos com as redes sociais de muitos políticos pelo Brasil afora, podemos ter a falsa impressão de que eles estão, de fato, resolvendo uma série de problemas da nossa sociedade, fazendo pautas importantes avançarem. Não é bem por aí…
“Encaminhamos um pedido de providência”
Vamos dar um exemplo do que ocorre em Passo Fundo. Ao ler “Encaminhamos um pedido de providências a respeito de…”, é comum ao leitor pensar que o problema está (ou num curto espaço de tempo estará) resolvido.
Um pedido de providência não passa de um encaminhamento, na maioria das vezes realizado pelos gabinetes dos vereadores, solicitando que o Poder Executivo Municipal realize determinada obra ou demanda de uma comunidade.
Se procurar, os pedidos de providência vão de trocas de lâmpadas até paz mundial (ok, estamos exagerando). Asfalto, pintura, limpeza de praças… por aí vai. Um vereador, neste ponto, acaba refém das próprias limitações que a lei lhe impõe. A execução de obras, enfim, é atividade do Executivo. Vereador legisla e fiscaliza (ou deveria fiscalizar).
Pedido de providência é um tipo de publicidade enganosa
Sobre pedidos de providência, muitos vereadores fazem a festa. Não queremos citar ninguém em especial. Infelizmente, poucos escapam dessa publicidade (enganosa) nas redes sociais.
Não estamos querendo dizer que o público está sendo dolosamente enganado: na verdade, o vereador faz o que a lei permite. Os pedidos, portanto, são realmente encaminhados.
O que dá a entender, por outro lado, é que o assunto está resolvido. Na maioria das vezes não está.
“Aprovamos um projeto”
Quando um político afirma “Aprovamos um projeto de minha autoria”, todo cuidado também é pouco. É difícil estimar precisamente, mas a falta de eficácia das leis no Brasil não é assunto para amadores. Talvez a vocação nacional seja descumprir leis. Não é de todo culpa do nosso povo: o nosso universo legislativo é um oceano inabarcável de normas.
Nesse sentido, uma parte considerável das leis aprovadas são “leis pra inglês ver”: elas existem no papel, mas não mudam a vida da população em nada (ou muito pouco). Lei aprovada, entendam, é papel; sua execução, é outra coisa.
Ao longo dos anos de trabalho na Lócus, foram inúmeras as referências que fizemos nesse sentido. Quase toda semana um vereador sobe na tribuna e reclama da falta de cumprimento de leis aprovadas. Para citar um único exemplo, da legislatura passada:
Toson abriu seu Grande Expediente fazendo uma críticas às cobranças recebidas pelos parlamentares sobre o número de leis propostas. Para o vereador, trata-se de uma distorção realizada sobre o trabalho legislativo.
No Brasil, conforme dados apresentados, há mais de 5 milhões de leis em vigor, segundo um estudo da Fiesp. Para Toson, há uma ideia de que, ao se criar uma lei, magicamente o problema estará resolvido no dia seguinte. Isto prova que, para a resolução de um problema da sociedade, a lei é apenas uma etapa, não o processo completo.
Para o parlamentar, a lei acaba sendo uma espécie de abstração para se criar uma ilusão que o problema está sendo solucionado, o que é muito distante da realidade. De acordo com um dos exemplos citados, há a lei que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas nas ruas de Passo Fundo. O projeto havia sido proposto como forma de coibir as constantes denúncias de algazarras nas ruas do Município. O problema, no entanto, permanece.
Projetos em andamento: o marketing político desnecessário
Projetos em andamento também podem causar uma série de enganos no público. Veja, a seguir, recente postagem do deputado estadual Mateus Wesp (PSDB):
O que significa dizer que “um projeto foi aprovado numa comissão”? Nada além de que a pauta está tramitando, mas o caminho pode ser ainda longo (isso se for aprovado, é claro).
Nessa postagem de Wesp, o público percebe a notícia de outra forma, como se parte do problema já estivesse resolvido, mas não está.
Provavelmente esse projeto nem seja aprovado nesta legislatura. Pode ser que Wesp nem se reeleja deputado estadual. Pode ser que esse projeto reste engavetado. Pode ser que esse projeto seja esquecido. Pode ser que seja submetido à votação: pode ser aprovado ou não. Se for aprovado, pode ser que o Governador vete. Se vetar, os deputados poderão ou não derrubar o veto. Conseguem perceber parte do problema?
Por isso, não sejam enganados por postagens de políticos nas redes sociais. A palavra “lei”, no Brasil, está banalizada desde que éramos uma monarquia. Faça um favor a si mesmo e pare de ser enganado por esse tipo de postagem. E sobretudo pare de ser enganado por alguém com cara de bom moço, que fala bonito e que não tira o terço do pulso.
A petista segue a cartilha que ganhou coro nos últimos meses Brasil afora, falando em “pobreza menstrual”
A vereadora Eva Lorenzato (PT) protocolou duas emendas impositivas ao orçamento municipal para compra de absorventes para distribuição à população mais carente da cidade, além da promoção de uma campanha de conscientização quanto ao problema da pobreza menstrual. De acordo com a parlamentar:
“Com a renda per capita do povo pobre sendo de até R$ 87 por mês, se você é mãe, vai optar entre comprar um pacote de absorvente por R$ 15 ou comprar leite para seus filhos?”